Comprar ou vender?

Ações de shopping centers devem subir 40%, após crise do coronavírus

25 mar 2020, 17:40 - atualizado em 25 mar 2020, 17:50
Shopping da Multiplan
Portfólio diferenciado: Multiplan é a favorita do BTG Pactual no setor de shoppings (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

O BTG Pactual não perdeu a confiança no setor de shopping centers, apesar de todo o impacto imediato da pandemia de coronavírus, como o fechamento de lojas e a forte queda nas vendas.

Em relatório enviado a clientes nesta quarta-feira (25), o banco estima que as ações dessas empresas subirão, em média, 40% após o fim da crise.

“Apesar de um cenário mais conservador, ainda encontramos um grande potencial de alta para todos os papéis (cerca de 40%, em média), uma vez que vemos o setor negociando perto de um spread recorde em relação às taxas reais de juros”, afirma o banco.

Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, que assinam a análise, observam que o spread está em 400 pontos-base (cerca de 4%), o que implica numa taxa interna de retorno real de 8,5% a 9% para os papéis de shopping centers.

Impactos

Isso, num cenário considerado “conservador” e que não se repetia desde a crise financeira global de 2008.

É claro que a dupla não ignora o impacto da pandemia no curto prazo. Entre as consequências previstas, estão a redução de receitas com estacionamento e aluguéis a praticamente zero; e o aumento da inadimplência, da renegociação de contratos e das taxas de desconto.

Repique: mesmo com pandemia de coronavírus, volta do consumo favorecerá shoppings (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

Os analistas acrescentam outro fator macroeconômico que tende a pressionar o setor: o aumento dos juros no longo prazo. Segundo o BTG Pactual, a curva de juros de longo prazo está cerca de 150 pontos-base (1,5%) abaixo da recomendada, apesar do corte da Selic na semana passada.

O encarecimento do dinheiro levaria à deterioração fiscal, desaceleração do PIB e aumento do risco-país – todos fatores que precisam ser considerados na precificação de ações. Tudo isso não inibirá, porém, o potencial de alta do setor, de acordo com o banco.

“Incorporamos um montante significativo de impactos em nossas projeções, e, ainda assim, encontramos um valor atraente”, dizem os analistas. A análise de múltiplos do setor revelou um “muito suculento spread” de cerca de 400 pontos-base, ante a média histórica de 150 a 200 pb.

Favorita

Entre os papéis do setor, a favorita do BTG Pactual é a Multiplan (MULT3), com preço-alvo de R$ 29, o que representa uma alta potencial de 41% sobre a cotação de referência do banco. Há dois motivos para isso.

O BTG Pactual afirma que a Multiplan é reconhecida no mercado por seus ativos de destaque, e as recentes aquisições adicionaram ainda mais área bruta locável ao seu portfólio.

O segundo motivo é a baixa dependência de receitas variáveis. Na comparação com suas rivais, a Multiplan apresenta a menor porcentagem de participação de receitas de estacionamento.

Além disso, a remuneração variável sobre o aluguel é praticamente desprezível, com a maior parte do faturamento gerada por receitas recorrentes e fixas.