Ações de montadoras e setor de construção são os mais afetadas pelo início da guerra comercial de Trump

As ações de várias empresas dos Estados Unidos estão sob pressão após a mais recente escalada da guerra comercial do presidente Donald Trump, com a expectativa de que novas tarifas contra Canadá e México atinjam os lucros de vários setores, como montadoras, varejistas e matérias-primas.
Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do México e do Canadá, com efeito a partir desta terça-feira (4). A medida abrange mais de US$900 bilhões em importações anuais dos Estados Unidos provenientes desses dois países.
A S&P Global estima que as novas tarifas sobre importações de México e Canadá possam custar às montadoras norte-americanas afetadas entre 10% e 25% em média do seu Ebitda anual.
As tarifas de 25% de Trump sobre aço e alumínio importados também aumentariam os custos para o setor, que foi responsável por 15% dos embarques líquidos de ferro e aço em 2024, segundo uma nota da S&P Global.
Analistas do JP Morgan também esperam que as montadoras recebam o fardo dos custos diretos das tarifas contra Canadá e México, compartilhando um pouco da dor com fornecedores, revendedores e consumidores.
Isso pode custar cerca de US$14 bilhões à General Motors — ou substancialmente todo o lucro antes de juros e impostos (Ebit) que a empresa prevê globalmente para este ano — e US$6 bilhões para a Ford, o que corresponde a cerca de 75% do Ebit estimado globalmente para este ano, afirmaram os analistas do banco.
As construtoras de moradias norte-americanas, que importam matéria-prima de países vizinhos, provavelmente também sofrerão um aumento de custos das novas tarifas.
Tarifas sobre produtos finalizados, como eletrodomésticos, eletrônicos, armários e utensílios do México e da China podem aumentar ainda mais os custos de construção de uma casa, afirmou a S&P Global.
Já em relação ao setor aeroespacial, o Canadá é o principal país importador dos Estados Unidos e o terceiro maior exportador em valores de dólar, segundo a Associação de Indústrias Aeroespaciais.
As tarifas podem aumentar os custos para fornecedores que já estão sob pressão e para seus clientes fabricantes de aviões, como a Boeing. Ações da Boeing perderam 3,9% até o momento em 2025.
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