Empresas

Ações de Deutsche Bank e UBS desabam pressionadas por receios com crise no setor bancário

24 mar 2023, 9:45 - atualizado em 24 mar 2023, 9:45
DWS
As preocupações dos investidores sobre o setor financeiro se espalhavam, com o índice dos principais bancos europeus caindo 5% e o de bancos britânicos perdendo 4,4%, em baixa pela terceira sessão consecutiva (Imagem: REUTERS/Ralph Orlowski)

As ações de bancos europeus mostravam fortes quedas nesta sexta-feira, com Deutsche Bank e UBS Group afetados por preocupações de que os piores problemas no setor desde a crise financeira de 2008 ainda não foram contidos.

O Deutsche Bank operava em baixa de 13% na manhã desta sexta-feira, enquanto o UBS recuava mais de 6%. Os papéis do banco alemão caem há três sessões seguidas, pressionados por salto no custo de seguro dos títulos da instituição contra risco de inadimplência.

As ações do Deutsche Bank perderam um quinto de seu valor até agora este mês e o custo dos credit default swaps (CDS) DB5YEUAM=MG – uma forma de seguro para detentores de títulos – saltou para uma máxima de quatro anos nesta sexta-feira, com base em dados da S&P Market Intelligence.

  • Entre para o Telegram do Money Times! Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo. Clique aqui e faça parte!

“O Deutsche Bank tem se mantido no centro das atenções por um tempo agora, de maneira semelhante ao que ocorreu com o Credit Suisse“, disse Stuart Cole, macroeconomista-chefe da Equiti Capital.

“O banco passou por várias reestruturações e mudanças de liderança na tentativa de recuperá-lo em uma base sólida, mas até agora nenhum desses esforços parece ter realmente funcionado.”

O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters.

O setor bancário global tem sido abalado desde o colapso repentino neste mês de dois bancos regionais dos Estados Unidos. Os formuladores de políticas monetárias enfatizam que a turbulência é diferente da crise financeira global de 15 anos atrás, dizendo que os bancos estão mais capitalizados e os fundos disponíveis com mais facilidade.

Mas as preocupações seguem entre os investidores após a compra emergencial do Credit Suisse pelo UBS no domingo passado.

Autoridades suíças e o UBS estão correndo para concluir a aquisição em menos de um mês, segundo duas fontes com conhecimento dos planos.

Fontes diferentes disseram à Reuters que o UBS prometeu pacotes de retenção para os executivos da área de gestão de patrimônio do Credit Suisse na Ásia para conter um êxodo de talentos.

A Jefferies reduziu recomendação sobre as ações do UBS de “comprar” para “manter”, dizendo que a aquisição do Credit Suisse muda a tese de investimento no UBS, que se baseava em um perfil de risco mais baixo, crescimento orgânico e altos retornos de capital.

“Todos esses elementos, que é o que os acionistas do UBS compraram, desapareceram, provavelmente por anos”, disse.

Separadamente, a Bloomberg News publicou que o Credit Suisse e o UBS estão entre os bancos sendo investigados pelo governo dos EUA sobre eventual apoio de executivos das duas instituições a oligarcas russos contra sanções aplicadas por Washington.

O Credit Suisse e o UBS se recusaram a comentar, enquanto o Departamento de Justiça dos EUA não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.

As preocupações dos investidores sobre o setor financeiro se espalhavam, com o índice dos principais bancos europeus caindo 5% e o de bancos britânicos perdendo 4,4%, em baixa pela terceira sessão consecutiva.

“Ainda estamos no limite, esperando que outro dominó caia, e o Deutsche é claramente o próximo na mente de todos (injustamente ou não)”, disse Chris Beauchamp, analista-chefe de mercado da IG.

“Parece que a crise bancária não foi totalmente resolvida”, afirmou Beauchamp.