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Ações de bancos aumentam o desconto com crise política; vale a pena?

14 set 2021, 13:45 - atualizado em 14 set 2021, 13:45
Caixa Eletrônico Bancos
Na visão da Ágora Investimentos, os papéis continuam promissores, embora a corretora admita que o ambiente político e situação fiscal deteriorou-se (Imagem: Unsplash/Erik Mclean)

Os bancos, que já sofreram com a crise da Covid-19, agora encaram outro problema: a turbulência política. 

No último mês, o setor acumulou uma queda bem maior que o Ibovespa (IBOV): 7,4% ante 4,8% do índice. Com essas perspectivas nada favoráveis, vale a pena ter empresas do setor na carteira?

Na visão da Ágora Investimentos, os papéis continuam promissores, embora a corretora admita que o ambiente político e situação fiscal deteriorou-se.

“No entanto, ainda vemos a dinâmica de crédito como saudável porque o PIB brasileiro deve continuar em expansão, apesar das revisões para baixo, enquanto os bancos também devem se beneficiar de taxas de juro mais elevadas”, apontam os analistas Gustavo Schroden e Maria Clara Negrão.

A dupla também lembra que o risco-país, medido pelo CDS de anos brasileiro, ainda está abaixo da média de cinco anos, em 275 bps (pontos-base).

Teste de resistência

Para verificar se os bancos conseguem segurar uma piora ainda mais acentuada do cenário político, a dupla calculou os níveis de custo de capital sobre o risco-país. 

Com isso, chegaram a conclusão que com um aumento de até 200 pontos-base em relação ao custo de capital, os bancos brasileiros ainda apresentariam potencial de valorização em relação aos preços atuais de suas ações (10% em média).

“No entanto, achamos que seria justo supor que um aumento de 150 bps seria um bom nível de teste de estresse para nossas avaliações, pois isso permitiria ao risco-Brasil 10 anos brasileiro atingir cerca de 425 bps, o que se compara a 404 bps durante o nível mais alto da eleição de 2018 (setembro) e também acima do 385 bps durante a greve dos caminhoneiros no mesmo ano (maio-junho)”, argumentam.

Dessa forma, eles preveem um potencial de valorização para o Itaú em 15%, 27% para o Banco do Brasil (BBAS3), 22% para o Banrisul (BRSR6) e 27% para o Banco Pan (BPAN4), enquanto o Banco ABC (ABCB4) ficaria com  9% e o BTG Pactual (BPAC11) com 8%.

Perfis defensivos?

Segundo os analistas, os bancos, durante os anos eleitorais (de 1º de janeiro a 31 de dezembro), em sua maioria superaram o Ibovespa desde 1998.

Na eleição de 2018, por exemplo, o setor subiu 27% ante alta do Ibovespa de 15%. Em 2014, um pleito ainda mais polarizado, os bancos saltaram 6% ante uma queda de 3% do índice.

“Em um cenário de turbulência política mais severa, acreditamos que os bancos de varejo tradicionais estão bem posicionados porque têm balanços sólidos e equipes de gestão experientes que podem ajudar a navegar em tempos adversos”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.