Ações de bancões estão em momentos diferentes e dois nomes saem na frente em 2023
Enquanto segue a todo vapor a temporada de balanços do quarto trimestre de 2022 (4T22) das empresas listadas na B3, as ações de bancões já mostraram que estão em compassos diferentes.
E o que se pode ver foi uma grande variedade de resultados no setor bancário, com todos sendo afetados, em maior ou menor grau, pelo escândalo da Americanas (AMER3).
Entre os chamados “bancões”, apenas o Banco do Brasil (BBAS3) apresentou um resultado que superou as expectativas do mercado.
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O Itaú (ITUB4) teve um lucro muito bom, mas um pouco abaixo do esperado. Já Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) foram as instituições que entregaram os piores números, mostrando que 2023 será um ano bem desafiador.
Vamos então a cada uma das instituições.
Santander (SANB11)
Primeiro dos grandes bancos a apresentar seus resultados, o banco decepcionou analistas e investidores com números bem abaixo do esperado. A instituição financeira apresentou um lucro líquido gerencial de R$ 1,68 bilhão no trimestre, bem abaixo das expectativas do consenso Bloomberg de R$ 2,87 bilhões.
No consolidado do ano, seu lucro foi perto de 21% inferior ao balanço de 2021.
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Chamou a atenção o seu PDD (provisão para devedores duvidosos) do trimestre, de R$ 7,364 bilhões, o que indica que o banco pode ter se excedido em sua liberação de crédito.
O banco também está sendo um dos maiores afetados pelo “efeito Americanas”, já que é o segundo maior credor da varejista, com R$ 3,6 bilhões de reais em empréstimos à empresa.
Os números indicam que o ano não será fácil para o Santander, mas há sim bastante espaço para melhora.
Itaú (ITUB4)
O maior banco privado do país apresentou resultados bem mais sólidos. Seu lucro líquido gerencial foi de R$ 7,668 bilhões no último trimestre, um recuo de 5,1% em relação ao trimestre anterior. O consenso Bloomberg mostrava uma expectativa de lucro acima de R$ 8 bilhões.
No acumulado do ano, entretanto, houve um aumento de 14,5% em relação a 2021, com um lucro total de R$ 30,78 bilhões.
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No caso das Lojas Americanas, o banco também foi afetado, mas a força de seus números mostra o Itaú mais resiliente do que seus competidores privados.
Sua carteira de crédito com margens mais elevadas deixou o banco numa situação privilegiada no atual cenário, ficando como uma das instituições preferidas de gestores e analistas no segmento financeiro. Também coloco o Itaú como um dos melhores bancos para se investir pelo atual cenário.
Bradesco (BBDC4)
O terceiro dos grandes bancos a divulgar seu balanço cumpriu, infelizmente, com as previsões mais pessimistas. O Bradesco, que já vinha de um resultado muito abaixo do esperado no trimestre anterior, voltou a desanimar investidores com seus números, indicando um ano muito difícil pela frente.
O banco fechou o quarto trimestre de 2022 com um lucro líquido gerencial de R$ 1,595 bilhão, queda de 75,9% em relação ao mesmo período de 2021 e de quase 70% em relação ao terceiro trimestre de 2022.
O resultado foi fortemente afetado pelo “caso Americanas”, apesar da empresa não ser citada nominalmente. Todos os bancos, aliás, fizeram seu provisionamento falando de um grande cliente do setor varejista. Não é preciso nenhuma bola de cristal para saber de quem se trata.
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No caso do Bradesco, o impacto foi duro. Assim como Santander e Itaú, o banco provisionou 100% da operação. Mas aqui estamos falando do banco que é o maior credor da varejista.
Se, por um lado, o provisionamento elimina o risco das Americanas para 2023, o banco ainda tem um grande desafio com sua carteira de crédito, que vem enfrentando um grau cada vez maior de inadimplência.
Seu PDD teve um salto muito grande, refletindo a jornada complicada para o banco este ano. Assim, coloco o Bradesco junto com Santander, num patamar atrás de Itaú e Banco do Brasil, que vamos falar agora.
Banco do Brasil (BBAS3)
O banco estatal foi o que melhor desempenhou no último trimestre frente às expectativas.
Enquanto o consenso Refinitiv esperava um lucro de R$ 8,083 bilhões, o BB reportou um resultado trimestral com lucro líquido de R$ R$ 8,627 bilhões, alta de 61,2% na comparação com o mesmo trimestre de 2021.
No caso Americanas, o banco estatal provisionou o valor de R$ 788 milhões, correspondente a 50% da operação. O comunicado também informou que o restante do provisionamento será feito conforme o andamento do processo de recuperação judicial da empresa.
Caso tivesse provisionado 100% do valor da operação, os resultados teriam sido um pouco mais modestos, mas ainda muito bons.
A carteira de crédito do BB também foi destaque do seu balanço, com um valor total acima de R$ 1 trilhão alcançado no período, e índice de inadimplência de 90 dias em 2,51% ao final de 2022.
Assim, junto com ao Itaú, o Banco do Brasil se revelou mais sólido em seus fundamentos para enfrentar a turbulência de 2023.
BTG Pactual (BPAC11)
Não poderia deixar de falar também do BTG Pactual (BPAC11). O banco apresentou lucro líquido de R$ 1,744 bilhão no último trimestre de 2022, um aumento de 6% frente ao mesmo período de 2021, mas uma queda de 20,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
A queda no resultado reflete diretamente as provisões realizadas pelo banco. Creio que nessa altura todos já imaginam qual é o cliente que levou o banco a provisionar o valor em caso de falência, não é?
Vale lembrar que o BTG é um dos maiores credores das Lojas Americanas, e foi uma das instituições financeiras mais agressivas contra a varejista após a fraude ser exposta.
O banco provisionou o equivalente a 68% da operação, também ficando no aguardo da RJ da varejista para tomar outras decisões
Sem as provisões não recorrentes, o resultado do trimestre teria sido superior a R$ 2 bilhões.
Ações que saem na frente em 2023
Enfim, pudemos ver um cenário bem diverso entre os principais bancos do país. Como comentei, vejo Itaú e Banco do Brasil mais preparados que os seus concorrentes para enfrentar o cenário de curto e médio prazo.
Olhando mais a frente, acredito que todas as instituições financeiras citadas possuem estrutura e condições para amenizar o impacto negativo da inadimplência tanto do varejo quanto de uma eventual falência das lojas americanas. O investidor só precisará ter um pouco mais de paciência.
Bons investimentos!