Ações da Telecom Italia disparam após a proposta da KKR
As ações da Telecom Italia chegaram a disparar 30% nesta segunda-feira, depois que o fundo norte-americano KKR apresentou uma proposta não vinculativa para comprar o antigo monopólio telefônico da Itália avaliando-o em 10,8 bilhões de euros.
A forte oscilação desencadeou a suspensão da negociação das ações no maior grupo telefônico italiano, que tem um papel importante nos esforços para expandir a conectividade de banda larga em todo o país.
A Telecom Italia controla a empresa de telefonia TIM (TIM) (TIMS3) no Brasil.
Por volta de 8:15 (horário de Brasília), as ações eram negociadas em alta de 27,45%, a 0,4416 euro.
A oferta da KKR, que está condicionada ao apoio do governo e ao resultado de uma análise de due diligence de quatro semanas, dá à Telecom Italia, com sua dívida líquida de 22,5 bilhões de euros, um ‘enterprise value’ de 33 bilhões de euros.
A companhia disse no domingo que a KKR classificou como “amigável” sua oferta de 0,505 euro por ação da Telecom Italia, um prêmio de 45,7% sobre o preço de fechamento das ações ordinárias do grupo na sexta-feira.
O preço, que a Telecom Italia disse ser “indicativo”, representaria ao principal investidor da empresa, a Vivendi, uma grande perda em sua participação de 24%, pela qual gastou em média 1,07 euro por ação.
Uma pessoa próxima ao grupo de mídia francês disse à Reuters que a Vivendi acredita que a oferta da KKR não valoriza adequadamente a Telecom Italia.
A diretoria do grupo italiano não se manifestou sobre a proposta.
A oferta da KKR ocorre em meio à turbulência na Telecom Italia, que emitiu dois alertas de lucro em três meses, levando a Vivendi a pressionar para substituir o presidente-executivo, Luigi Gubitosi.
Não tendo conseguido conter a queda da receita da Telecom Italia, Gubitosi buscou opções para extrair dinheiro dos ativos do grupo, incluindo o mais valioso – a rede de telefonia fixa, que o governo considera estratégica.
O Tesouro da Itália disse no domingo que a decisão de usar poderes especiais do governo para bloquear o interesse estrangeiro indesejado em empresas estratégicas dependeria dos planos para a rede.
Banda larga
Roma está se preparando para empregar bilhões de euros em fundos de recuperação da União Europeia para apoiar o lançamento de banda larga ultrarrápida em toda a Itália, que tem avaliação baixa para conectividade digital na União Europeia.
O governo quer ter certeza de que todos os planos para a rede da Telecom Italia estão em linha com as metas de banda larga da Itália, proporcionando os investimentos necessários e protegendo empregos.
Os 42.500 funcionários da companhia na Itália têm sido uma preocupação para o governo, juntamente com a pilha de dívidas com classificação de risco do grupo, que tem dificultado os investimentos necessários para atualizar a rede.
O KKR quer fechar o capital da Telecom Italia, o que, segundo analistas, tornaria a reestruturação mais fácil.
A firma de private equity sediada em Nova York dividiria os ativos da Telecom Italia, incluindo a linha fixa que seria administrada como um ativo regulado pelo governo assim como o modelo de rede elétrica Terna ou rede de gás Snam, disseram as fontes.
O KKR já é um investidor na rede da Telecom Italia após um acordo de 1,8 bilhão de euros fechado com Gubitosi no ano passado para adquirir uma participação de 37,5% na FiberCop, a unidade que detém a chamada rede “last mile” da Telecom Italia que vai da rua às casas das pessoas.
As empresas de private equity rivais CVC (CVCB3) e Advent, que também vinham estudando planos para a Telecom Italia assessoradas por seu ex-CEO Marco Patuano, disseram no domingo que permaneceram abertas a trabalhar em uma solução para fortalecer o grupo italiano.