Ações da Petrobras (PETR4) superam eleições de 2022, mas e o risco estatal em 2023?
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) encerram o ano entre os destaques positivos do Ibovespa, mesmo com toda a volatilidade causada por preços do petróleo no exterior (com a guerra na Ucrânia, principalmente), forte polarização da corrida presidencial e definição do governo Lula 3.
Nos últimos meses, por conta da indefinição do viés que predominará no próximo governo – e os potenciais impactos das decisões sobre o futuro da companhia -, a petroleira foi fortemente penalizada, mas não a ponto de reverter a trajetória altista ao longo do período.
Encerrado o último pregão do ano, os papéis da estatal registraram ganhos acima de 40% em 2022.
Agora, fica a expectativa para 2023, com foco maior nas medidas que o novo governo deve implementar na condução das estatais.
Há ainda a interrogação de quem será o novo presidente da Petrobras. Caio Paes de Andrade, CEO em exercício, aceitou o convite do futuro governador Tarcísio de Freitas para compor a equipe do próximo governo do Estado de São Paulo.
Notícias veiculadas na mídia indicam que ele pode renunciar antes do fim de seu mandato, em abril de 2023.
“Risco estatal” prevalecerá?
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, prevê maior intervencionismo nessas empresas.
“Historicamente, o PT acredita que as estatais devem sofrer intervenções para proporcionar retornos mais diretos à população. Porém, tais políticas podem refletir negativamente para os resultados financeiros destas companhias”, pontua.
Por outro lado, os bons resultados divulgados pelas companhias ao longo do ano não vão sumir da noite para o dia. Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ressalta que as estatais federais ainda devem registrar bons resultados nos próximos trimestres.
De acordo com ele, as decisões tomadas no passado devem continuar influenciando as empresas. Ao mesmo tempo, os setores em que atuam mostram estabilidade para os próximos anos, completa.
Chinchila concorda, no entanto, que o desempenho futuro está suscetível ao novo governo, com a lucratividade das estatais podendo ser impactadas caso haja alterações que se afastem do modelo atual, reduzindo assim a rentabilidade dos investidores.
Dividendos vão secar?
Boa parte da valorização das ações da Petrobras pode ser atrelada aos anúncios generosos de distribuição de dividendos.
Petrobras foi, de fato, a maior pagadora de dividendos de 2022. A dúvida que fica agora é se ela deve manter o ritmo em 2023.
Para a Empiricus Research, em termos operacionais, a Petrobras tem tudo para repetir a performance. Porém, o “risco estatal” nubla a perspectiva mais otimista. Caso o governo eleito implemente mudanças na política de investimentos da companhia, o efeito deve ser sentido no bolso dos acionistas.
O Goldman Sachs, em relatório divulgado neste mês em que atualizava o preço-alvo da ação da estatal, disse ver a Petrobras com um rendimento de dividendos de 40% e 45% em 2023 e 2024.