Mercados

Ações da Oi fecham em alta de 19% com possível interesse de compra da tele pela AT&T

29 ago 2019, 18:51 - atualizado em 29 ago 2019, 19:46
O Brasil é o único entre 18 países que não autorizaram o negócio de US$ 85 bilhões (Imagem: Facebook)

Por Investing.com

As ações da Oi registram mais um dia de forte alta nesta quinta-feira na bolsa paulista. Os papéis ordinários (OIBR3) da tele ganharam 19,51% a R$ 0,98, enquanto os preferenciais (OIBR4) apresentaram uma forte valorização de 10,95% a R$ 1,52.

O salto das ações da companhia foi impulsionado pelo interesse da AT&T em adquirir a tele, que está em recuperação judicial e sob especulação de intervenção da Anatel – agência reguladora de telecomunicações – por receio de falta de caixa para manutenção de operações essenciais, como telefonia fixa e internet banda larga.

O presidente da AT&T, Randall Stephenson, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira em Brasília. O principal assunto do encontro foi a busca da tele americana da autorização do governo brasileiro da compra da Warner Media.

O Brasil é o único entre 18 países que não autorizaram o negócio de US$ 85 bilhões, com o governo do presidente dos EUA Donald Trump pedindo a aprovação do negócio e o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro e provável indicado para embaixador nos EUA, pressionando a Anatel a autorizar a operação.

O executivo apresentou um plano de investimentos da AT&T a Bolsonaro, entre os quais uma sinalização de adquirir a Oi, pois a empresa tem interesse em telefonia móvel no Brasil, além da produção de conteúdo local e streaming. A compra, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo, estaria condicionada com modificações do marco regulatório de telecomunicações. Além disso, Stephenson acenou que a operação da empresa no Brasil seria prioritária, atrás apenas dos negócios nos EUA e a frente da Europa.

A sinalização de interesse da AT&T confirma informações veiculadas na quarta-feira em O Globo, que informou sobre a possibilidade da tele brasileira vender a totalidade da operação ou em fatias.

O Globo citou fontes que confirmam que os acionistas trabalham junto com o conselho de administração para costurar um acordo. A Vivo (VIVT4), que é a maior empresa do setor no país, já demonstrou interesse nos ativos do Norte e Nordeste, com a Claro e TIM (TIMP3) sendo apontadas como potenciais compradas da totalidade da tele, ou de alguma parte, como a rede de fibra ótica.

O jornal também informou ontem que de Ricardo Knoepfelmacher, da RK Partners, está conversando com o governo para uma proposta conjunta de fundos de investimentos para arrematar 100% da Oi. A americana AT&T também estaria na disputa, sendo uma possibilidade de seguir no país com a Sky após a fusão com a Warner nos EUA.

O Globo apontou ainda que empresas chinesas também teriam interesse na Oi, mas que já informaram que só vão avaliar um investimento após o Congresso aprovar o PLC 79, que vai transferir a concessão para autorização e gerar menos custos com a manutenção da telefonia fixa.

Para BTG (BPAC11), notes de 2025 da Oi apresentam uma ótima oportunidade de entrada

O BTG Pactual enxerga nas notes de 2025 da Oi uma ótima oportunidade de entrada, uma vez que os papéis tiveram um desempenho ruim depois da divulgação do balanço do segundo trimestre, com os papeis de 10% sendo negociados perto de 12,8%. Para a equipe do banco, são esperados uma série de eventos positivos, que, caso se concretizem no curto prazo, vão favorecer a recuperação.

O banco acredita que as vendas de ativos não essenciais, a aprovação da Reforma das Telecomunicações e a nomeação de um novo CEO são fatores esperados para os próximos meses.

Na visão dos analistas, a venda de títulos e ações foi desencadeada por uma série de manchetes negativas após os fracos resultados do segundo trimestre da Oi (como esperado) com uma queima de caixa de R $ 2 bilhões, aumentando o desconforto com a posição de liquidez da Oi (agora em R$ 4 bilhões).

Além disso, o governo informou que a Anatel estava considerando uma intervenção na Oi, que a Anatel negou rapidamente. Outro ponto é que um de seus maiores acionistas pediu publicamente a substituição do CEO. Para a equipe, pode-se argumentar que a empresa pode ter sido muito agressiva ao acelerar as intenções de investimento antes de entregar vendas de ativos, mas não há nada novo que mude materialmente a visão do caso de investimento da Oi. Pelo contrário, parece que a percepção de risco dos investidores piorou, atribuindo menor confiança na execução do plano de recuperação da empresa e no pipeline de vendas de ativos.

Riscos

Para o BTG, os principais riscos para o caso de investimento na Oi são os possíveis atrasos ou falhas na venda de ativos para financiar seu plano de investimentos, bem como na na aprovação da Reforma das Telecomunicações; o risco de execução do plano de recuperação da Oi e expansão do FTTH; a exposição cambial a passivos em dólares norte-americanos, entre outros.

A equipe acredita que os investidores podem estar adotando uma abordagem mais cautelosa e cética ao caso de crédito da Oi, excluindo os gatilhos positivos (reforma, venda de ativos) da análise de caso base. No entanto, isso gera um caso de crédito bastante insustentável (a Oi precisaria aumentar quantias massivas de capital ou reduzir substancialmente o capex.

Por outro lado, mesmo que a Oi tenha sucesso com seu plano de recuperação, a longo prazo ainda precisará buscar alternativas estratégicas para seus negócios, pois os requisitos de capex seriam muito altos para sustentar sua posição competitiva como provedor de telecomunicações integrado.

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