Ações da JBS lideram perdas do Ibovespa após anunciar divisão de suas operações
No começo do próximo ano, a JBS (JBSS3) dará início a um processo de reestruturação para dividir os ativos em duas companhias irmãs, que serão independentes e que atualmente acumulam uma receita líquida anual de R$ 195 bilhões. As informações são da edição desta segunda-feira do Valor Econômico.
Os papéis da companhia operavam com forte queda de 3,21% a R$ 26,57, por volta das 14h05 desta segunda-feira, liderando perdas do Ibovespa.
A publicação destaca que, atualmente, todos os ativos estão centralizados na JBS S/A, que está listada no Novo Mercado da B3. Com as mudanças, a ideia é manter no país somente as atividades locais de carne bovina, couro e subprodutos. A JBS Global ficaria responsável pelas operações no exterior, além da Seara, com as operações de aves, suínos e alimentos processados no Brasil.
A reportagem aponta que uma das apostas da companhia para o crescimento é a Seara, que já teve investimento anunciado na última semana de mais de R$ 8 bilhões. A ideia de deixar o segmento de bovinos separado se deve ao fato de ser menos rentável.
O Valor explica que, com a reestruturação, as duas companhias serão controladas pela holding J&F. Em 2016, a companhia apresentou plano de reestruturação onde a operação brasileira se inverteria e passaria a ser controlada pela família por meio da companhia global, que teria então sua sede na Irlanda, mas os planos foram barrados pelo BNDES.
O jornal informa ainda que a sede da JBS Global seria na Europa, com ações listadas em Nova York sendo que, neste momento, não haverá captação de recursos por meio de emissão de ações. O objetivo da JBS com isso é destravar o valor. A operação listada nos EUA seria uma ferramenta para financiar aquisições e espera-se que represente novo salto para o grupo em valor de mercado e tamanho.
Benefícios tributários
Na sexta-feira, a JBS negou que seus estudos para possível listagem de ações no mercado acionário dos Estados Unidos tenham como motivação obter vantagens fiscais. “Os estudos não estão sendo conduzidos com a finalidade de obtenção de benefícios tributários”, afirmou a companhia em comunicado.
A maior produtora mundial de proteína animal também negou que a eventual listagem nos EUA não implicará em mudança de sede da companhia, no Brasil, mas que empresas em processos de listagem no exterior escolhem um país para constituir veículo cujas ações serão listadas, “principalmente no caso da JBS, que possui ativos operacionais distribuídos ao redor do mundo”.
A JBS ainda afirmou que em qualquer cenário, “o controle continuará sendo exercido por uma sociedade brasileira”.
As declarações vêm após o jornal Folha de S.Paulo ter publicado mais cedo que a JBS poderia transferir sua sede para a Holanda ou para Luxemburgo para reduzir o pagamento de impostos.