Ação da Hapvida (HAPV3) cai mais de 6% com ‘aumento expressivo’ de judicialização
O balanço da Hapvida (HAPV3) do terceiro trimestre frustrou as expectativas do mercado e, em reação, as ações da operadora de saúde chegaram a cair mais de 8% durante o pregão.
HAPV3 fechou entre as maiores quedas do Ibovespa (IBOV) nesta quarta-feira (13). Os papéis registraram baixa de 6,34%, a R$ 3,10. Acompanhe o Tempo Real.
A companhia reportou um prejuízo líquido de R$ 71,3 milhões — o que representa uma melhora de 65,5% em comparação com as perdas do terceiro trimestre de 2023, de R$ 206,7 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado somou R$ 762,6 milhões, um crescimento de 2,8% na base anual.
A taxa de sinistralidade ficou em 70,4%, uma queda de 1,5 ponto percentual.
Mas o destaque do balanço foi o aumento da judicialização. A Hapvida reportou R$ 869 milhões em depósitos e bloqueios judiciais entre julho e setembro. O valor é mais que o dobro do montante apurado no mesmo período do ano anterior — e é o que puxa as ações para o tom negativo hoje.
“Dada a visibilidade ainda limitada sobre a questão das disputas legais, acreditamos que o desempenho das ações estará altamente correlacionado com este fluxo de notícias e as iniciativas para mitigar esse desafio”, afirmam os analistas do BTG Pactual.
Durante a teleconferência de resultados, o presidente-executivo da companhia, Jorge Pinheiro, afirmou que a Hapvida está “repensando o modelo de precificação para absorver com eficiência a judicialização”. “Ela aumentou de forma expressiva nos últimos 12 a 24 meses.”
- Hapvida (HAPV3) vai elevar preços para absorver impacto de busca de clientes por proteção da Justiça
Resultados negativos — mas nem tanto
Na avaliação do BTG Pactual, os resultados trimestrais da Hapvida “não foram tão negativos”, considerando a geração “sólida” do fluxo de caixa e o ticket médio “forte”.
O banco também destaca o ponto de inflexão de beneficiários de saúde, com o primeiro crescimento líquido nos últimos seis trimestres.
Mas a leitura dos analistas é de que a Hapvida apresentou números fracos e abaixo das expectativas, pressionados pelas provisões, principalmente.
“Diante das incertezas relacionadas ao forte aumento de discussões legais esperado para 2024, nossa prévia já antecipava provisões contingenciais mais altas, mas os números reportados foram piores que nossas estimativas revisadas negativamente”, escrevem os analistas Samuel Alvez, Yan Cesquim e Marcel Zambello.
Com isso, o banco revisou para baixo as estimativas para o próximo ano, com corte de 20% na expectativa de lucro líquido.
Já na avaliação do Santander, o impacto dos depósitos judiciais foi menor do que o esperado e as provisões apresentaram recuperação.
É hora de comprar Hapvida?
Para os analistas do Santander, a Hapvida continua sendo a empresa do setor “mais adequada” para investidores de médio a longo prazo.
O BTG Pactual, mesmo com a redução nas expectativas do lucro líquido em 2025, mantém a recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 6 — o que representa um potencial de valorização de 81,2% sobre o preço de fechamento de ontem (12).
“Apesar desse corte no lucro líquido, acreditamos que a forte correção recente das ações já precificou mais do que adequadamente este cenário”, diz o relatório.
Nas contas do banco, os papéis da Hapvida estão sendo negociados a 11x preço/lucro (P/L) ajustado de 2025 — em linha com o múltiplo projetado que a ação tem negociado nos últimos dois anos.