Ações da Gol (GOLL4) caem 10% após relatório operacional de outubro; BBI mantém recomendação de ‘venda’
As ações da Gol (GOLL4) chegaram a cair mais de 10% no pregão desta quinta-feira (28), após a companhia divulgar seu relatório operacional referente ao mês de outubro. O documento faz parte do processo de recuperação judicial que a aérea enfrenta nos Estados Unidos (Chapter 11).
A ação reage também à alta acentuada do dólar, que renovou o recorde intradia nesta quinta, superando a cotação de R$ 6 pela primeira vez na história.
Por volta de 13h (horário de Brasília), a moeda norte-americana atingiu R$ 6,0086 (+1,52%) — o maior valor nominal desde a criação do real, em 1994. A máxima intradia anterior era de R$ 5,9718, registrado em 14 de maio de 2020, no auge da pandemia.
Já GOLL4, por volta de 14h10, caía 9,55%, a R$ 1,42.
Conforme o relatório divulgado na quarta-feira (28), a aérea registrou prejuízo líquido de R$ 338 milhões em outubro e não apresentou dados comparativos com o mesmo mês do ano anterior. Na visão de analistas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, este resultado e o aumento da dívida líquida de 8% estão relacionados principalmente à desvalorização de 6% do real no mês.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 410 milhões, com margem Ebitda de 25%, conforme o fato relevante, que os analistas avaliam como “sólida”.
As casas notam ainda que a Gol e as demais companhias do setor aéreo local estão entrando na alta temporada no Brasil. Dessa maneira, os próximos resultados mensais devem mostrar melhora sequencial.
“Em geral, apesar da melhora sequencial nos resultados operacionais, mantemos nossa recomendação de Venda e preço-alvo ao final de 2025 de R$ 0,90, dada a enorme diluição patrimonial esperada como parte de seu plano de sair do Chapter 11”, concluem os analistas. O preço-alvo representa um potencial de queda de 40% ante o fechamento desta quarta-feira (27), em R$ 1,57.
Fim da recuperação judicial da Gol em 2025?
No dia 6 de novembro, a Gol divulgou um acordo de reestruturação financeira com a Abra – principal investidora da Gol e da Avianca – e com seu Comitê de Credores. Segundo o comunicado divulgado na data, o acordo inclui a conversão de aproximadamente US$ 950 milhões em dívida garantida da Abra em novas ações da companhia aérea.
“A Gol apresentará um plano de reorganização no âmbito do procedimento de Chapter 11 que permitirá uma significativa redução de sua alavancagem, convertendo em ações, ou extinguindo de outra forma, até US$ 1,7 bilhão de sua dívida existente antes da instauração do procedimento de Chapter 11 e até US$ 850 milhões em outras obrigações”, diz.
A companhia aérea prevê levantar até US$ 1,85 bilhão em novo capital na forma de uma linha de crédito de saída do processo de Chapter 11 para quitar o Debtor-in-Possession (ou Financiamento DIP — um mecanismo financeiro para processos de recuperação judicial que permite a uma empresa continue operando enquanto reestrutura suas dívidas).
A Gol espera apresentar seu plano de reorganização antes do final de 2024 e projeta sua saída do processo até o final de abril de 2025.