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Ações da Eletrobras (ELET3) saltam após avanço de conversas com a União para acordo pós-privatização; veja o que está em jogo

05 dez 2024, 11:52 - atualizado em 05 dez 2024, 18:57
eletrobras
Advocacia-Geral da União (AGU) e Eletrobras avançam nas negociações sobre governança da companhia (Imagem: Ag. Brasil/ Fernando Frazão)

As ações da Eletrobras (ELET3;ELET6) assumiram a dianteira do Ibovespa (IBOV) na primeira meia hora de pregão desta quinta-feira (05), em reação ao avanço das negociações entre a companhia e a Advocacia-Geral da União (AGU) para conclusão do acordo relacionado à aspectos de governança e participação na empresa, ainda num entrave  pós-privatização da gigante do setor elétrico.

Segundo fato relevante diulgado pela Eletrobras, ocorreu na quarta-feira (04) reunião entre representantes da companhia e representantes da AGU, da Casa Civil da Presidência da República e do Ministério de Minas e Energia “para tentativa de conciliação e solução consensual e amigável entre as partes”.

As tratativas ocorrem por meio de mediação instaurada na Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal (CCAF) da AGU por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nunes Marques.

ELET3 terminou a sessão com baixa de 4,02%, a R$ 26,46.



Já ELET6 recuou 3,44%, a R$ 40,60.



O entrave com o governo Lula ainda remete ao processo de privatização realizada durante o governo Bolsonaro — que já completou dois anos. A União ingressou em maio de 2023 com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra o dispositivo do estatuto da ex-estatal que limita a 10% o poder de voto de qualquer acionista.

O objetivo do dispositivo foi manter a empresa como uma “corporation”, ou seja, sem um controlador ou acionista com poder político definido. O maior afetado pela medida é o próprio governo, que permaneceu com quase 47% das ações com direito a voto após a privatização da companhia.

O que está em jogo entre Eletrobras e Governo?

Segundo a Eletrobras, no momento, as negociações em andamento tratam dos seguintes pontos:

  •  A participação da União nos conselhos de administração e fiscal da companhia.
  • Coordenação de um eventual processo de desinvestimento da Eletrobras de sua participação acionária na Eletronuclear, por meio da busca de um novo acionista.
  • Definição de termos que possam permitir a revisão do Acordo de Investimentos celebrado entre a Eletrobras e a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), relacionado ao projeto da Usina Nuclear de Angra 3, considerado o interesse da companhia de se desobrigar do acordo.
  • Manutenção das garantias prestadas aos financiamentos contratados em favor da Eletronuclear anteriormente à desestatização da companhia.
  • Preservação integral das disposições constantes do art. 3º, III, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 14.182, de 12 de julho de 2021, e dos arts. 6º, 7° e 8º do Estatuto Social da Companhia.

Atualmente em construção, Angra 3 será a terceira usina da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). A Eletrobras a é acionista da operadora das usinas, a Eletronuclear, com 35,9% das ações, e o acordo de investimento prevê aportes para a obra.

Uma vez que há interesse da Eletrobras de se desvincular do acordo, estava no radar um possível troca com o governo de parte das ações que tem na Eletrobras para assumir o controle total da Eletronuclear. A estimativa é que a União transfira para Eletrobras entre 2,5% e 3% de sua participação na empresa e assuma 100% da Eletronuclear, que controla as usinas nucleares de Angra 1 e 2 e tem a obrigação de construir Angra 3.

Em entrevista ao Valor Econômico em meados deste ano, o ministro de Minas e EnergiaAlexandre Silveira, chegou a afirmar que a União estaria próxima de anunciar um acordo com a Eletrobras.

“A cessão de Angra ao governo terminaria com os provisionamentos feitos constantemente por Eletrobras. Ademais, estimamos pelo menos R$ 20 bi para conclusão do projeto e R$ 12 bi em custos de abandono, o que poderia ser evitado com a cessão do projeto à União.

No comunicado, a Eletrobras esclareceu ainda que a antecipação de recursos devidos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) não está mais sendo tratada. Essa medida que vinha sendo perseguida pelo governo com o objetivo de aliviar a conta de luz.

“Se for concluída a negociação acerca desses pontos, a companhia e a União envidarão seus melhores esforços para elaborar uma minuta de Termo de Conciliação”.

 

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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