Ações da Ambev (ABEV3) caem após troca de CEO; veja avaliação do mercado
A Ambev (ABEV3) anunciou na noite de terça-feira (27) troca no comando da companhia, após Jean Jereissati ocupar o cargo de CEO durante cinco anos. A partir de 1º de janeiro de 2025, Carlos Lisboa, que lidera as operações da AB InBev na América Central, assumirá a posição.
As ações da companhia fecharam o pregão desta quarta-feira (28) em queda de 0,46%, a R$ 12,97.
Na avaliação do BTG Pactual, apesar de esperarem uma continuidade estratégica, é inegável que a troca de CEO ocorre em um momento decisivo para a companhia, tendo em vista que, com o preço do litro de cerveja alcançando recordes histórias e os concorrentes dedicando esforços para o aumento de volumes, os analistas veem a preferência pelas marcas da Ambev ainda atrás de sua participação de mercado.
Os analistas afirmam que chegou a hora de a Ambev provar se ainda possui poder de precificação em meio a um cenário competitivo muito mais acirrado. Para isso, comentam que o reposicionamento do portfólio e as ferramentas digitais serão testados de uma maneira nunca vista.
- Ibovespa 137 mil pontos? Veja as 10 ações mais recomendadas para investir com a onda de otimismo da bolsa, segundo o BTG Pactual.
Para o BTG, com Carlos Lisboa no comando, não devem ocorrer grandes mudanças na forma como a Ambev enfrentará esses desafios, mas destacam que conciliar uma ‘guerra de preços’ no mercado de cerveja enquanto se gerencia flutuações de participação de mercado é uma tarefa difícil, por isso, aguardam mais comentários sobre os planos e perspectivas da Ambev em breve.
“O risco-retorno da ação (com base no valuation e nos fundamentos do mercado de cerveja) é talvez o mais atraente que vimos em muito tempo. Estamos Neutros até que possamos realmente ver o crescimento da Ambev reacendido”.
Notícia inesperada, mas estratégia da Ambev deve permanecer
Analistas da Ágora Investimentos e Bradesco BBI comentam que a notícia os pegou de surpresa, no entanto, recordam que a cultura em vigor na Ambev e ABI nos últimos anos mostra que o mandato médio de CEOs é de cinco anos.
Para a Ágora e BBI, durante a gestão de Jereissati, a cultura da empresa mudou significativamente, para uma que adota mentalidade mais centrada no consumidor.
“A lucratividade na divisão permanece longe de suas máximas históricas, mas com as preferências do consumidor que mudaram drasticamente e um cenário competitivo que acreditamos ter se tornado mais acirrado, usar margens históricas como referência pode, na verdade, ser uma âncora injusta (acreditamos que o consenso já incorporou as margens atuais às expectativas)”.
Os analistas avaliam que os últimos anos serviram para melhorar materialmente a posição competitiva da Ambev sob esse novo cenário da indústria, com a empresa agora detendo um portfólio mais forte de marcas, uma participação de mercado recuperada, com os volumes de 2024 18% acima do pré-pandemia, e margens que “finalmente atingiram o fundo do poço”.
“Em geral, esperamos que a mensagem para a Ambev seja de continuidade em relação às prioridades estratégicas que foram implementadas nos últimos anos”. O BBI e Ágora tem indicação neutra para ABEv3, com preço-alvo de R$ 13.
Safra vê desafios pela frente
Os analistas do banco Safra endossam o coro de que mudanças significativas de estratégia não devem ocorrer, tendo em vista a atuação de Lisboa em cargos de liderança sênior em todas as unidades de negócios da Ambev.
No entanto, para o futuro, acreditam que a empresa terá alguns desafios, como a dura concorrência no Brasil e a persistência da fraqueza na Argentina e no Canadá.
“Além disso, também vemos incertezas quanto a possíveis mudanças no regime tributário, que podem impactar materialmente o poder de lucro da Ambev como um risco importante para a tese, ao mesmo tempo em que vemos uma avaliação exigente aos níveis atuais de preços”.
Neste cenário, o Safra mantém a recomendação de venda para ABEV3.