Comprar ou vender?

Boas e baratas: As ações mais amassadas da Bolsa; quais valem a compra?

03 jul 2024, 7:30 - atualizado em 03 jul 2024, 11:33
ações ibovespa
(Imagem: Freepik)

A queda da bolsa no primeiro semestre, alimentada pelas incertezas nos Estados Unidos e o fim do ciclo de cortes de juros no Brasil, jogou empresas ruins (e boas) na lona, o que pode abrir oportunidades de pechinchas, segundo analistas.

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Lá fora, dados do país norte-americano empurraram a expectativa da queda dos juros, que antes estava em março, para setembro, o que também manteve taxas dos títulos públicos americanos nas alturas. Com os altos rendimentos, o fluxo estrangeiro de países emergências foi drenado para os EUA.

Aqui no Brasil, a taxa terminal de juros passou de 9% para os atuais 10,50%. Tudo isso se refletiu diretamente em uma reprecificação da bolsa. Para se ter uma ideia, o Ibovespa encerrou o semestre em queda de 7%, uma das piores bolsas entre países emergentes, o que o deixou ainda mais barato, segundo analistas. Atualmente, o índice está sendo negociado a 7,3x P/L (preço sobre o lucro) projetado para os próximos 12 meses, ante a média histórica de 11x, desconto de 34% sobre sua média.

“Tem muita empresa bem focada, gestão boa, posicionamento competitivo bom que estão mal precificadas. Então, a gente vê um upside muito grande”, diz Paulo Abreu, gestor e sócio da Mantaro Capital.

Para ele, o cenário passa longe de ser um ‘céu de brigadeiro’, mas é positivo, considerando especialmente o nível de preço. Uma das vozes mais respeitadas do mercado, Guilherme Aché, da Squadra, também vai pela mesma linha ao dizer que a bolsa está barata e menos arriscada que em momentos de crise aguda, como no período Dilma Rousseff.

“Se você for bem criterioso, encontrará boas empresas em níveis de valuation bem piores que do passado. Agora, todo mundo acha que a bolsa está barata. O que eu acho, e que é um pouco diferente, é que ela não só está barata como está com um risco muito menor do que em outros momentos de stress agudo”, diz.

Pensando nisso, o Money Times ouviu analistas e gestores para indicarem os papéis bons e baratos, aqueles que possuem grande potencial de crescimento. Veja a seguir:

Suzano

A Suzano (SUZB3) enfrentou uma forte onda vendedora após notícias de que trabalhava para oferecer uma proposta para comprar a Internacional Papers. O papel despencou quase 30% entre abril e junho. Investidores temiam que alta alavancagem da companhia comprometesse a saúde financeira e o pagamento de dividendos.

Para Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, a Suzano, mais do que um papel que pode disparar, possui uma carta na manga: a expansão do projeto Cerrado, que tem previsão de início no segundo semestre deste ano. “O projeto vai aumentar tanto produtiva como também a otimização de custos. Eles são muito fortes nisso e se diferenciam bastante em relação ao mercado”, explica.

Commodities e Vale

Na visão de Harada, outra ação que está descontada é a Vale (VALE3), negociando no patamar de R$ 60. De acordo com o gestor, o papel possui EV/Ebitda (valor da firma sobre resultado operacional) de 4,2 vezes, desconto de 20% a 25% em relação aos seus pares. É uma empresa que depende dos indicadores da China, o que pode trazer volatilidade. Porém, analisando o médio prazo, Harada vê potencial expressivo para a companhia.

Já Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, cita CSN Mineração (CMIN3), Klabin (KLBN11), SLC Agrícola (SLCE3) e São Martinho (SMTO3). Para ele, mesmo em cenário de baixa na cotação das commodities, essas empresas estão com uma estrutura de endividamento extremamente enxuta, com baixos níveis de dívida líquida/Ebitda.

“Adicionalmente, possuem um elevado volume de caixa acumulado no balanço, o que aumenta potencialmente as chances dessas empresas apresentarem um yield de distribuição de proventos bem acima do CDI atual, e com potencial aumento no fluxo livre de caixa”, diz.

Vamos

Para Belitardo, a Vamos (VAMO3) está em um ciclo de desalavancagem e crescimento acelerado na geração de fluxo de caixa livre, com um yield de dividendos acima de 10% para 2024. A empresa obteve uma geração de caixa livre superior a R$ 1,4 bilhão nos últimos 12 meses.

“Isso é um valor bem expressivo quanto comparado ao valor de mercado de suas ações, refletindo quase 20% de fluxo livre de caixa, o que é considerado um nível muito alto para uma empresa em crescimento acelerado, com ROIC (retorno sobre o capital investido) próximo de 20% e uma receita extremamente resiliente, com elevada pulverização e diversificação na exposição setorial”, destaca.

Arezzo e Soma

Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3) anunciaram a incorporação das operações ainda em abril. Apesar de ter sido amplamente elogiada por analistas, na bolsa, porém, os papéis não fizeram por onde. A Arezzo cai 18% no ano, o que não anula a qualidade das empresas, destaca Harada, da Blackbird.

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“Vemos como oportunidade, principalmente por conta dos números que ela vem apresentando. Se a gente pega histórico de consolidação, integração da parte dos M&As (sigla em inglês para fusões e aquisições) que ela tem feito, e toda essa parte executiva, tem dado muito certo. A gente vê algumas vantagens competitivas em relação ao Grupo Soma, como, por exemplo, diversificação na questão das vendas”, discorre.

Apesar disso, o analista não descarta dificuldades em integrar as empresas, o que pode atrasar a recuperação, além do cenário macroeconômico difícil.

Empresas financeiras

Abreu, da Mantaro, classifica como injustificáveis os preços de algumas ações do setor, como BTG (BPAC11), a B3 (B3SA3), a XP, e a própria Stone. Os papéis caíram em função do mau momento vivido pela bolsa. A B3 está no menor patamar desde março de 2023 e abaixo dos níveis da pandemia.

Em sua visão, são empresas que devem capturar uma eventual retomada e redução do risco fiscal aqui no Brasil de uma forma bastante decisiva. “Você vê a B3, os volumes médios estão sendo muito baixos e a gente acha que isso não é algo estrutural. É algo temporário em função dos juros altos, em função do desempenho corrente da bolsa nos últimos dois anos”, explica.

“Não estamos falando de empresas super arriscadas. São empresas que têm uma capacidade, uma geração de caixa tranquila para atravessar o cenário mais adverso do Brasil”, completa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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