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Aço Brasil melhora perspectiva para siderúrgicas em 2020, prevê crescimento em 2021

27 nov 2020, 15:39 - atualizado em 27 nov 2020, 15:39
Aço
Parte das críticas recebidas pelo setor envolveu também seguidos reajustes nos preços do aço no mercado interno (Imagem: REUTERS/Wolfgang Rattay)

A indústria produtora de aço do Brasil voltou a melhorar suas perspectivas para este ano, apostando agora em um crescimento modesto nas vendas no país e expansão de 5,3% em 2021, segundo dados da entidade que representa as siderúrgicas divulgados nesta sexta-feira.

O setor agora espera que as vendas de aço no país cresçam 0,5% em 2020, para 18,9 milhões de toneladas, avançado para 19,9 milhões em 2021, informou o Instituto Aço Brasil a jornalistas. Em setembro, a expectativa era de alta de 3,1% nas vendas neste ano.

No auge dos impactos das medidas de isolamento social, em abril, o setor siderúrgico chegou a esperar que as vendas de aço no Brasil este ano despencassem 19%. Mas com a flexibilização da quarentena em vários Estados e o retorno da atividade econômica, a entidade foi melhorando as expectativas ao longo do ano.

Embora alguns setores da economia, como construção civil e segmentos de máquinas e equipamentos venham reportando problemas no abastecimento de aço no mercado interno, executivos do Aço Brasil afirmaram que o fornecimento está caminhando para a normalidade e que não existe risco de faltar o insumo no país.

“Zero possibilidade de desabastecimento…A prioridade é abastecer o mercado interno”, disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, em apresentação online a jornalistas.

Representantes da entidade devem se reunir com o presidente Jair Bolsonaro nesta tarde em uma pauta que deve discutir justamente os relatos de problemas no abastecimento de aço. Segundo Lopes, o setor trabalha atualmente com um índice de ocupação de sua capacidade instalada de 68,4%, abaixo dos 80% que a indústria siderúrgica considera ideal. Em outubro, o indicador estava em 64,9%, depois de atingir 42% em abril. A capacidade total de produção do setor siderúrgico é de 51 milhões de toneladas por ano.

Lopes voltou a afirmar que o país enfrentou um esgotamento dos estoques durante a pandemia e, quando a atividade econômica voltou a crescer, o consumo interno de aço foi exacerbado pela necessidade de reposição desses estoques, situação que, segundo ele, “está caminhando para a normalidade”.

Parte das críticas recebidas pelo setor envolveu também seguidos reajustes nos preços do aço no mercado interno, algo que no acumulado do ano chegou a cerca de 40% de incremento em alguns tipos de ligas, segundo informam fabricantes de máquinas. O mais recente aumento, em novembro, foi de cerca de 10%.

Questionado se o setor vai defender a necessidade de novos reajustes na reunião com Bolsonaro, Lopes afirmou que a entidade não vai tratar de preços no mercado interno com o presidente.

Segundo ele, a eleição do democrata Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos deve criar oportunidades para o Brasil negociar uma flexibilização no regime de cotas de importação imposto desde o início do governo de Donald Trump.

“A expectativa é que, com a nova administração, poderemos ter espaço para renegociar…Pelo menos que se retire o semiacabado (do regime de cotas)”, disse Lopes. Aços semiacabados são considerados uma matéria-prima da indústria da transformação e, segundo o Aço Brasil, o setor industrial norte-americano precisa do material produzido no país para se abastecer. O Brasil é o maior exportador de aço semiacabado para os EUA.