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Acionista da Triunfo cobra CVM por possível “insider trading” feito pelo BNDES

07 ago 2017, 15:59 - atualizado em 05 nov 2017, 13:58

O investidor minoritário Christian Bojlesen enviou uma carta à CVM na qual questiona a venda de ações da Triunfo (TPIS3) feita pelo BNDES enquanto poderia ter informações privilegiadas sobre as negociações, em andamento, da recuperação extrajudicial do grupo que enfrenta dificuldades financeiras.

“O que me levou a formalizar a reclamação não tem a ver com o meu investimento, mas sim com um movimento de mercado muito estranho sendo feito há meses. Isso ficou bem claro agora quando o BNDESPar revelou que tinha cortado expressivamente a sua participação”, destaca Bojlesen em entrevista concedida ao Money Times.

Na carta de 15 páginas, o investidor alega que o braço de investimentos do banco, a BNDESPar, reduziu a sua participação de 14,75% em março para até 5,09% para não ser considerado parte relacionada e poder interferir nas negociações com os credores. A Lei de Falências e Recuperação de Empresas não permite que isso seja feito com uma participação superior a 10%.

Segundo Bojlesen, a “venda brusca e atípica de ações foi feita de posse de informação material e não pública, o que enseja uma rigorosa apuração por parte da CVM”. Ou seja, o banco teria se desfeito dos papéis após executar garantias da CONCER e CONCEBRA, da Triunfo, precedendo o pedido de Recuperação Extrajudicial, fato que ainda não era público.

“Até o momento não existe informação ou indício que qualquer outro credor ou parte relacioanda tenha vendido ações nas mesmas circunstâncias ou divulgado publicamente o teor das discussões entre credores. Ou seja não houve vazamento de informação, houve aparentemente uma deliberada opção por vender as ações a mercado, diluído em negociações diárias ao longo de multíplas semanas, por parte de BNDES/BNDESPAR”, continua a carta.

Minoritários

O investidor ressalta que, enquanto o BNDES briga com a Triunfo, os minoritários é que tem pagado o pato.  “A Triunfo possui uma base acionária bem pulverizada em Pessoas Físicas, que têm ficado a mercê de informações desconexas na imprensa, rumores, possível negociação com informações não públicas, e de ataques especulativos que inflaram em muito o volume normal e razoável para o tamanho da empresa”, destaca.

Bojlesen disse ao Money Times que irá continuar com o seu investimento na empresa por acreditar que a empresa é solvente e só passa por dificuldades de liquidez de curto prazo. “É um caso de assimetria entre o preço e o valor”, ressalta. Ele avalia que, agora, só a CVM tem o poder de investigar as datas das vendas e o estágio das conversas com credores e se houve o uso dessas informações.

O BNDES foi contatado pela reportagem, mas ainda não respondeu.