Comprar ou vender?

Acionista da AES Brasil (AESB3): Você tem 3 cartas na mesa após incorporação da Auren (AURE3); qual escolher?

16 maio 2024, 18:51 - atualizado em 16 maio 2024, 20:45
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Em 2023, elétrica possuia mais de 200 mil pessoas-físicas na sua base acionária. E se você é um deles, saiba que a Auren deixou na sua mesa três opções (Imagem: Getty Images)

E o que era especulação se tornou realidade. A americana AES vai deixar o Brasil após 17 anos. Desde janeiro, o mercado aguardava algum anúncio. Restava saber quem seria o comprador.

Segundo analistas, a alta alavancagem e ativos próximos ao final de concessão contribuíram para a saída da operadora gringa.

Agora, resta a Auren (AURE3) cuidar’ dos ativos da AES Brasil (AESB3), que conta com portfólio 100% renovável, com capacidade instalada total de 5,2 GW (gigawatt), sendo 2,7 GW hídrico, 2,2 GW eólico e 0,3 GW solar.

Mas se o retorno aos americanos poderia não ser o dos melhores, para o acionista pessoa-física a AES figurava na lista de boas pagadoras de dividendos. Inclusive, a empresa tinha participação de 5% de Luiz Barsi, o maior investidor individual da bolsa e conhecido como ‘rei dos dividendos’.

Em 2023, a elétrica possuia mais de 200 mil pessoas-físicas na sua base acionária. E se você é um deles, saiba que a Auren deixou na sua mesa três opções:

  • Opção 1: 90% em ações da Auren + R$ 1,15;
  • Opção 2: 50% em ações + 50% em dinheiro, ou R$ 5,77;
  • Opção 3: 100% em dinheiro, ou R$ 11,55;

Para cada uma ação ordinária detida pelos acionistas da AES, serão entregues 0,762376237623 ações da Auren.

AES Brasil: Optar por qual?

Segundo especialistas que conversaram com o Money Times, a equação é a seguinte: se o investidor avalia a incorporação como um bom negócio, escolha a primeira opção. Agora, se acredita que a incorporação não parece tão boa, pode optar pela opção três.

Pelos preços de fechamento de ontem (R$ 9,78), ao acionista que tinha AES, o prêmio em dinheiro (R$ 11,55) era de 18%, o que foi considerado atrativo por analistas. Com toda essa oportunidade, o mercado tratou de fechar o gap, com ação disparando 13,59% e indo a R$ 11,11 nesta quinta.

“Cada investidor faz a sua avaliação, mas na nossa opinião a opção 3, dentre as que a empresa colocou, de 100% de dinheiro está bem atrativa. Então acho que essa opção seria uma boa para os investidores da AES”, explica Arlindo Souza, analista da Levante.

  • Auren (AUREN3) e AES Brasil (AESB3) se unem para criar 3ª maior geradora de energia do país: O que esperar desta operação?: Confira quais devem ser os impactos da união e o que fazer com as ações das empresas, segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research. É só clicar abaixo e assistir ao Giro do Mercado:

 

Apesar disso, Souza pondera que a Auren é um ativo de bastante qualidade. “E nesse nível de preço, a gente está reavaliando as nossas premissas para a empresa. Quem seguir na Auren, também vai seguir com um bom ativo na carteira”, completa.

Já Luan Alves, analista chefe da VG Research, recomenda aos investidores optarem por receber o valor total em dinheiro. “E se ação se aproximar do valor final ofertado nos próximos dias indicaremos venda”.

Rafael Lage, analista da CM Capital, separa o cenário em dois: de longo e curto prazo. No curto, o melhor seria escolher a opção 3 e comprar uma empresa que está mais descontada com o mesmo perfil, como a Engie (EGIE3) .

“Enquanto o EV/Ebitda da Engie está em 7,18 vezes o da Auren agora está em 8,8 vezes. A AURE3 ficará alavancada e pagará menos dividendos devido à aquisição da AES Brasil”, afirma.

No longo, porém, seria interessante se manter na Auren, já que haverá uma sinergia de R$ 1,2 bilhão e uma geração de caixa com a fusão que será alta e permitirá uma rápida desalavancagem. “Desta forma, o pagamento de dividendos não será prejudicado no longo prazo”, completa.

Desafio para o acionista da Auren

Já o acionista da Auren terá um desafio, segundo a Genial: para que a relação de troca proposta alcance os termos equivalentes à terceira opção (caixa puro), as ações da AURE3 deveriam estar sendo avaliada acima dos R$ 15,16/ação.

Ou seja, um prêmio de 26% em relação ao preço de fechamento da AURE3 na noite de ontem.

“Apesar do valuation implícito considerado pela Auren se aproximar do nosso preço-alvo (ou seja, não discordamos da percepção de valor da Auren em relação as suas ações), a grande questão aqui é que o preço de tela da ação e efetivamente praticado pelo mercado é distinto daquele estimado em nossos modelos”, discorre.

Dessa forma, para que os acionistas da AESB3 aceitem em massa as opções que envolve troca de ações (opção 01 e 02), vão ter que considerar como premissa que a Auren tenha um preço justo de R$ 15,16/ação vs preço de fechamento das ações da AESB3 na noite de hoje, na casa dos R$ 12,03.

“Em nossa interpretação preliminar, seria mais racional por parte dos acionistas da AESB3 aceitarem a proposta 100% caixa e, por exemplo, usar os recursos para comprar ações da AURE3 se considerarmos que o preço vá ficar abaixo dos R$ 15,16/ação, resultando em uma maior quantidade de ações na nova empresa a ser formada versus o aceite da proposta 01, por exemplo”, coloca.

Auren é bom case de dividendos (e pode substituir AES)?

E se o acionista da AES é sedento por dividendos, pode se decepcionar, pelo menos no curto prazo, se optar por trocar as ações. Segundo Bruno Oliveira, chefe de análise do AGF, a incorporação da Auren pela AES Brasil afetará significativamente o pagamento da empresa.

“Esse processo de integração, embora ainda em estágio inicial, trará sinergias operacionais e financeiras que precisam ser mensuradas e executadas ao longo do tempo. Com a consolidação desse novo cenário, a política de dividendos poderá ser reavaliada, tornando-se mais clara a médio prazo”, coloca.

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Em termos de dividend yield projetado para 2024, antes da incorporação, a estimativa para a Aurem era de 72 centavos por ação, resultando em um dividend yield de aproximadamente 6,3%. No entanto, com a incorporação, essa projeção precisará ser revisada, calcula.

Ainda o analista, para investidores focados em renda passiva, a Auren possui características atrativas, como controladores que valorizam dividendos e um portfólio estratégico dentro do grupo Votorantim.

“O fundo de pensão canadense, controlador da Auren, busca um dividend yield de 10% em seu portfólio global, indicando uma orientação clara para a distribuição de dividendos. A Auren, portanto, se enquadra como uma empresa adequada para uma carteira previdenciária ou de renda passiva”, discorre.

Porém, devido ao momento de grandes transformações e incertezas sobre a política de dividendos e a recorrência desses pagamentos, a inclusão da Auren em uma carteira previdenciária deve ser avaliada cuidadosamente.

“Investidores com uma carteira previdenciária já sólida podem suportar melhor a possível volatilidade e incerteza no curto prazo. Por outro lado, aqueles que estão começando a montar sua carteira previdenciária podem enfrentar um custo psicológico significativo, dado que a recorrência dos dividendos da Auren ainda é incerta”, completa.

Auren: Fuga de investidores?

Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos, vê um cenário mais pessimista para Auren, porém. Segundo ele, a operação é boa para a AES, que se livra de uma empresa endividada, e carrega riscos para a segunda.

“A Auren será uma empresa com uma dívida muito alta, uma empresa muito alavancada vai surgir, uma empresa que vai ter um pouco de dificuldade de entregar resultados para o acionista no curto e no médio prazo”, explica.

Ele vê migração de investidores para empresas mais consolidadas, que entregam mais resultados e que não tem tanto problema de gestão, como a Copel (CPLE6).

“O que eu estou prevendo aqui nesse cenário, é uma fuga do investidor dessas empresas, uma redução de liquidez. E esse cenário vai se perdurar, porque o investidor vai preferir colocar o seu dinheiro em ações e em empresas que são mais sólidas, empresas mais resilientes”, explica.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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