Achatamento da curva de juros pós-Copom beneficia apostas em prefixados de longo prazo, diz gestora AZ Quest
O tom mais duro do Banco Central sobre a inflação aumenta a pressão sobre as NTN-Bs de curto prazo, enquanto títulos prefixados de prazos mais longos podem mostrar alguma performance em meio a expectativas de mais altas de juros agora, disse Gustavo Menezes, gestor macro da AZ Quest.
Menezes avaliou que o comunicado de política monetária divulgado pelo Copom na véspera surpreendeu, já que muitos esperavam um discurso com maior cautela devido às incertezas sobre a recuperação econômica. “Mas o BC deu mais peso à inflação e à ancoragem das expectativas, depois de muitos meses num sentido diferente”, disse o gestor.
O BC elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, indicou nova alta da mesma magnitude para fevereiro, e destacou em comunicado a importância de o ciclo de aperto avançar “significativamente” em território contracionista para consolidar o processo de desinflação e de ancoragem das expectativas em torno das metas.
Menezes chamou atenção para o “miolo” da curva de juros – trechos intermediários -, cujas taxas no fim da manhã subiam entre 7 e 28 pontos-base. “A NTN-B é formada por (inflação) implícita e juro real, e com esse discurso mais duro o BC ataca a implícita alta”, disse.
Por outro lado, o achatamento da curva visto nesta quinta – com vértices longos em torno da estabilidade enquanto curtos e médios subiam – beneficiava apostas em prefixados mais longos.
Com juros mais altos agora, o BC caminharia para ancorar as expectativas de inflação, que, na meta, exigiriam menos aperto da política monetária no futuro.
Menezes destacou o cenário desafiador para o BC.
“O BC foi duro demais num momento em que estamos tendo revisões grandes (para baixo) no crescimento, mas se o IPCA amanhã surpreender para cima, o BC vai se mostrar correto; se não, vai se mostrar ‘hawkish’ demais. Há muita incerteza à frente”, concluiu.