Heverton Peixoto

Acesso ao crédito e informalidade: Reformas são urgentes para garantir um futuro sustentável

24 jan 2025, 9:36 - atualizado em 24 jan 2025, 9:36
renda fixa - crédito privado
As instituições financeiras utilizam pontuações de crédito baseadas em históricos financeiros para avaliar a capacidade de pagamento. (Imagem: Getty Images)

No Brasil, a recente melhora recente nos níveis de emprego não se traduz em maior acesso ao crédito pela população. Apesar de muitos trabalhadores gerarem renda, um grande contingente, especialmente os informais, enfrenta barreiras para financiar seus objetivos de vida.

Esse problema é intensificado por taxas de juros elevadas e um modelo tradicional de concessão de crédito que não acompanha as transformações do mercado de trabalho.

Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 40% do mercado de trabalho é composto por trabalhadores informais, o equivalente a quase 40 milhões de pessoas. No trimestre encerrado em setembro de 2024, 644 mil pessoas ingressaram na informalidade, representando metade das vagas criadas no período.

Entre esses, 1,5 milhão atuam por meio de plataformas digitais: 778 mil como motoristas de aplicativos, 589 mil em serviços de entrega e 197 mil em outras prestações de serviços via aplicativos. Esses profissionais enfrentam maiores dificuldades para acessar crédito, especialmente no sistema bancário tradicional.

Considere, por exemplo, um motorista de aplicativo que não possui carro próprio e compromete boa parte da renda com aluguel de veículo. Para ele, a compra de um carro financiado poderia ser a solução, mas dois grandes entraves se colocam. Primeiro, o cenário de juros altos no Brasil encarece o crédito. Segundo, e mais relevante, está a dificuldade em comprovar renda para atender às exigências dos modelos tradicionais de avaliação de risco.

As instituições financeiras utilizam pontuações de crédito baseadas em históricos financeiros para avaliar a capacidade de pagamento. Critérios como pagamento de contas em dia, experiência bancária e nível de endividamento frequentemente subestimam a capacidade de trabalhadores informais. No caso dos motoristas de aplicativo, muitos têm rendas regulares, mas sua comprovação é dificultada pela informalidade e falta de registros consistentes.

Uma abordagem mais individualizada e humanizada é essencial para incluir esse contingente no sistema de crédito. Análises que considerem o comportamento financeiro e cruzem dados diversos podem oferecer uma visão mais precisa do risco de inadimplência.

Com o crescimento constante da informalidade no Brasil e no mundo, o mercado financeiro enfrenta o desafio de desenvolver soluções compatíveis com essa nova realidade. Adaptar-se é imprescindível para apoiar o desenvolvimento econômico e social de maneira ampla e inclusiva.

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CEO da Omni
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
heverton.peixoto@moneytimes.com.br
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
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