Aceitando a inflação? Projeções da Fazenda começam a se alinhar com o mercado; confira
Na semana passada, a Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda, revisou as suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024.
A equipe econômica manteve o crescimento do PIB em 2024 em 2,3%. Já a estimativa para a inflação oficial foi elevada de 3,52% para 3,63%.
Agora, os números estão alinhados com as projeções do Banco Central. Em sua última ata, a autoridade monetária apontou para uma inflação em 3,6% para 2024. No entanto, o mercado financeiro é mais pessimista, calculando que o IPCA vai fechar o ano que vem em 4,13%, segundo o Relatório Focus.
O relatório do Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, também aponta para inflação em 4,1% para o período.
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Já os números para 2023 seguem desalinhados: enquanto o Banco Central e o mercado financeiro falam em 5,80%, o Ministério da Fazenda é bem mais otimista, com uma projeção de 5,58%. Já o IFI é o mais pessimista, com uma estimativa de inflação acumulada em 6,03%.
Inflação persistente
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que o processo de desinflação ainda vai demorar.
“Precisamos seguir adiante com paciência e serenidade, e achamos que o processo de desinflação ainda não acabou e precisamos garantir que faremos a inflação convergir para a meta”, disse em comentários gravados para o Global Emerging Markets Summit 2023, promovido pela Moody’s.
Apesar do aviso, Campos Neto precisa enfrentar números que mostram um cenário diferente – pelo menos por enquanto.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação, subiu 0,51% em maio, desacelerando-se em relação à alta de 0,57% apurada em abril. O resultado veio abaixo da mediana projetada pelo mercado, de 0,61%.
Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 acumula alta de 3,12% nos primeiros cinco meses do ano. Com isso, o indicador acumulada alta em 12 meses de +4,07%, de +4,16% no mês anterior. O resultado também ficou abaixo da mediana projetada, de +4,07%.
A inflação permanece dentro do teto da meta do Banco Central para 2023, de 4,75%, pelo segundo mês consecutivo.
Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, destaca que, qualitativamente falando, a composição da inflação veio melhor.
“Por um lado, a dispersão, que mede a porcentagem de itens do IPCA-15 com variação positiva, subiu de 63,2% para 64,3%. Por outro, tanto a pressão sobre os preços de serviços quanto a média dos núcleos, que vem sendo a lupa para o Banco Central, recuaram no mês”, afirma.
No entanto, ele lembra que o comportamento dos serviços e núcleos continua a demandar cautela.
E tem mais: em sua última ata, o Banco Central apontou que, para o segundo trimestre, é, sim, esperada uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses em função do efeito base do ano anterior.
Em maio e junho de 2022, o IPCA mensal se encontrava abaixo do 1% e isso vai influenciar nos números acumulados dos próximos meses. Já entre julho e setembro, o país registro deflação.
Por outro lado, o segundo semestre deve ser marcado por uma volta na alta dos preços.
“No segundo semestre, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador”, aponta o texto.
Além disso, as expectativas de inflação do Banco Central seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).