Ação do IRB é a nova “Bolha do Alicate”? CVM está de olho nas redes sociais
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) está de olho na influência das redes sociais brasileiras sobre as ações do IRB (IRBR3), que parecem ter engatado em uma manipulação de mercado similar àquela vista nos papéis da varejista de videogames americana GameStop (GME).
Segundo a autarquia, na presença de indícios, abrirá processo administrativo sancionador para a apuração das responsabilidades, bem como comunicação ao Ministério Público na esfera penal. A manipulação do mercado é um crime tipificado no art. 27-C da Lei 6.385/76.
“O chamado squeeze, que pode se configurar em situações nas quais um ou mais investidores provocam artificialmente a alta do preço de valores mobiliários, de maneira a causar prejuízos a terceiros ou auferir benefícios indevidos para si ou outros participantes do mercado, é uma das modalidades de manipulação”, alerta a CVM.
Desempenho recente das ações da GameStop
O aviso, publicado nesta sexta-feira (29), vem após a ação da resseguradora ter subido até 17% na quinta-feira, com investidores imitando o movimento que deu impulso aos papéis da GameStop, de pressionar vendedores a descoberto, ou seja, quem aposta na queda dos papéis.
Em um grupo do Facebook chamado “IRBR3 Forum Investing” com 9.400 membros, investidores vêm discutindo seus movimentos e mostram as corretoras que estão comprando as ações, com um convite aberto a outras pessoas para ingressarem nos grupos WhatsApp e Telegram para aprofundar a discussão estratégica.
A gestora Squadra descobriu no ano passado irregularidades contábeis no IRB, forçando uma reformulação da gestão, num caso raro na bolsa paulista de um vendedor a descoberto visando uma empresa específica. A resseguradora está processando ex-administradores.
“O caso GameStop — assim como inúmeros outros no passado, desde a lendária bolha das Tulipas, há alguns séculos, até escândalos brasileiros como Boi Gordo, Avestruz Master ou a “Bolha do Alicate” — desafia o pressuposto da racionalidade dos investidores”, lembram Daniel Kalansky, professor do Insper, Mestre e Doutor pela USP, e Isac Costa, ex-analista da CVM, especialista em Regulação Financeira, em um artigo publicado no Money Times.
Desempenho recente das ações do IRB
No Brasil, até então, o caso que mais se aproximou foi a chamada “Bolha do Alicate”. Naquela ocasião, o investidor Rafael Ferri, sócio do TradersClub, teria atuado para manipular artificialmente o mercado com as ações da empresa Mundial (MNDL3). O caso repercute em diversas jurisdições até hoje.