Ação do Bradesco tem tudo para superar o Itaú após resultados fortes; papéis disparam
Os números do Bradesco (BBDC4) superaram as expectativas, com linhas melhores que as dos seus concorrentes Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11), apontam analistas.
O setor bancário ainda guarda certo ceticismo dos investidores, uma vez que as ações ainda não recuperaram o baque da Covid.
Apesar disso, aparentemente, o mercado resolveu dar uma segunda chance para o banco. Os papéis subiram 4,33%, em parte recuperando o tombo de 6,6% da sessão da quinta-feira (5).
Entre julho e setembro, o Bradesco lucrou R$ 6,8 bilhões, alta de 34,5%, e acima da estimativa média de 6,469 bilhões de reais compilada pela Refinitiv.
Na visão do Santander, o segundo maior banco do país mostrou um trimestre robusto em termos de receitas, com forte retorno dos seguros, compensando a margem financeira abaixo das expectativas do mercado.
“A ação caiu 21% no acumulado do ano (vs. -13% para o Ibovespa e -9% para o Itaú), e acreditamos que há um potencial significativo de alta e que a diferença para o Itaú deve diminuir”, destaca.
Melhor que o esperado
Para a XP, o banco reportou resultados acima das expectativas, principalmente suportado pelo resultado de seguros acima do esperado e menores despesas com provisões adicionais do grupo segurador e com provisões operacionais.
“Embora o banco tenha consumido 28p.p. de índice de cobertura, o atual nível de 297% ainda é superior aos pares privados (250% do Santander e 234% do Itaú), enquanto o índice de inadimplência também cresceu em um ritmo inferior ao dos pares”, apontam os analistas Vitor Pini, Artur Alves e Matheus Odaguil.
Já a Genial destaca a boa recuperação de linhas que estavam pressionadas, como a de seguros e serviços, o crescimento acentuado da carteira de crédito com melhora de mix e o maior índice de provisionamento e capital entre os pares.
Apesar do ROE (Retorno Sobre o Patrimônio) de 18,4% ter ficado abaixo do Itaú (20%) e Santander (21%), o índice de provisões e capital superaram os concorrentes.
“O Bradesco melhorou o guidance de resultados para 2022, indicando que o 4T21 continua com uma boa tendência”, argumentam os analistas Eduardo Nishio, Guilherme, Vianna e Bruno Bandeira.
Além disso, a perspectiva de expansão do spread para 2022, controle de custos, alto índice de cobertura e capital, podem dar uma vantagem ao Bradesco em caso de uma piora de inadimplência dado que o cenário macroeconômico tem se deteriorado.
Área de seguro brilha
As operações de seguros, que eram apontadas como o calcanhar de aquiles do Bradesco nos últimos resultados, também arrancaram elogios dos analistas.
Para o trio da Genial, a recuperação chegou mais rápido do que o imaginado, com os números saltando 104% no trimestre e 2,6% no ano e ROE de 18,1%, o segundo melhor patamar desde o quarto trimestre.
Melhor que Itaú e Santander
O Safra aponta que a carteira de crédito do Bradesco apresentou o melhor desempenho nesta temporada de resultados entre os maiores bancos até agora.
Ao todo, houve ampliação de 16,4% no ano e 6,5% no trimestre, com forte desempenho das pequenas e médias empresas.
Segundo o Itaú BBA, o crescimento da carteira foi forte, com spreads ligeiramente melhores e apenas uma deterioração moderada da qualidade.
Vale comprar?
Na opinião da XP, o Bradesco é o mais defendido em um cenário macroeconômico mais desafiador à frente, “embora acreditemos que o pico da inadimplência ainda esteja por vir”.
A recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 26.
Já a Ativa ressalta que o bom resultado do Bradesco corrobora com a visão para o case. O atual nível de cobertura do banco deve suportar o aumento na inadimplência ao longo de 2021.
“Além disso, gostamos dos constantes ganhos de eficiência operacional e de sua receita bem diversificada, com relevante participação na operação de seguros”, aponta.
Para o Safra, o terceiro trimestre do Bradesco foi uma surpresa boa, na maioria de suas linhas, em especial para recuperação dos resultados de seguros e baixa provisão para créditos de liquidação duvidosa.
Já o Credit Suisse afirma que o banco está no caminho certo para cumprir as metas de margem financeira e despesas operacionais de seus clientes.
O Bradesco elevou sua projeção de crescimento de crédito, tarifas e resultado de seguros, ao mesmo tempo em que reduziu o guidance de LLR, “indicando que o banco continua confiante na qualidade dos ativos”, completa.
Por fim, o Bank of America diz que enquanto o mercado está cada vez mais preocupado com o ambiente macroeconômico enfraquecido do Brasil (inflação alta, taxas em alta, crescimento mais fraco), o Bradesco está entrando no ano com dinâmica de lucros melhor do que o esperado.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 30.