Ação do Banco Inter parece cara, mas não neste indicador
Olhando superficialmente para a ação do Banco Inter (BIDI11), alguns investidores podem achar o banco caro e pouco atraente. No entanto, considerando que existem grandes chances da companhia entregar um bom aumento de ganhos pela frente, a Ágora Investimentos acredita que “as ações estariam longe de ser caras” pelo múltiplo P/L (preço sobre lucro) ajustado para crescimento em 2022/2021.
“Dado o potencial de longo prazo, os investidores podem vê-los como convincentes o suficiente”, defendem os analistas Victor Schabbel e Maria Clara Negrão, em relatório divulgado na noite desta segunda-feira (17).
Mais cedo, a corretora havia apresentado uma nota informando o início da cobertura do papel, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 81. A Ágora demonstrou confiança sobre a tese de investimento, que coloca o Banco Inter muito à frente dos rivais bancários.
Investindo no crescimento
Embora o lucro do Banco Inter pareça estar perdendo força (a empresa encerrou o segundo trimestre do ano com um montante de R$ 2,7 milhões), Schabbel e Negrão destacam que a companhia tem investido pesado em sua franquia para criar uma plataforma mais ampla aos usuários.
“Quem vê o Inter apenas como um banco que vende produtos bancários digitalmente não conseguirá entender a ideia inovadora em que está trabalhando”, afirmam.
O Super App, antes visto com ceticismo pelos analistas, vem se mostrando cada vez mais como uma oportunidade.
“O aplicativo do Banco Inter será apenas a plataforma por meio da qual os clientes provavelmente interagirão no futuro. Esse marketplace é o que pode definir para onde o banco irá. Além disso, a companhia também pode se tornar um concorrente respeitado para alguns grandes marketplaces que operam no Brasil, ou se tornar um alvo de fusões e aquisições para esses players”, comentam.
Para a Ágora, o Banco Inter é um líder que tem o potencial de criar uma plataforma valiosa ao incluir novas funcionalidades, e a expansão de sua área de atuação é o futuro do setor bancário (mas não necessariamente o futuro dos bancos).
A companhia encerrou o segundo trimestre de 2020 com uma base composta por 5,9 milhões de correntistas, número que subiu para 6 milhões em julho. Os analistas esperam que a empresa alcance 19 milhões de usuários em 2022 e que a carteira de crédito apresente 41% de taxa de crescimento médio ponderado entre 2019 e 2022.
“Mais interessante, porém, será acompanhar a expansão do GMV (valor bruto da produtos) daqui para frente, que deve criar opcionalidades ainda maiores na geração de receita e vendas cruzadas (GMV esperado de R$ 697 milhões em 2020 e R$ 2.276 milhões em 2021)”, acrescentam Schabbel e Negrão.
A expectativa para o lucro líquido é de avanço constante no curto e médio prazo (R$ 30 milhões em 2020, R$ 227 milhões em 2021 e R$ 420 milhões em 2022). Níveis mais fortes devem aparecer daqui a três, quatro ou cinco anos.