Ação da Vale (VALE3) vai reagir? Dados de produção agradam, mas ruídos no curto prazo podem pesar

O relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2023 da Vale (VALE3) tem uma leitura preliminar positiva, segundo especialistas do mercado ouvidos pelo Money Times.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, avalia que o desempenho da companhia foi bem sólido em todas as linhas de negócio.

A companhia reportou uma produção de minério de ferro de 89,4 milhões de toneladas, avanço sequencial de 3,7% e anual de 10,6%.

No entanto, o que chama a atenção de Ferrer é que a mineradora conseguiu atingir o guidance proposto para o ano cheio de 2023, com a produção da matéria-prima siderúrgica atingindo montante total de 321,1 milhões de toneladas, ante projeções de ~315 milhões de toneladas.

O alcance do guidance se deve às iniciativas realizadas pela própria Vale, além de maiores compras de terceiros, destaca o analista.

Em pelotas, a companhia também conseguiu entregar bons números. A produção aumentou 1,6 milhão de toneladas no comparativo anual, impulsionada pelo aumento do fornecimento de pellet feed de Brucutu, que resultou em uma maior produção de pelotas nas plantas de Tubarão, parcialmente compensado pela manutenção planejada nas plantas de São Luis e Omã em outubro.

Na divisão de metais básicos, Ferrer chama atenção para a boa performance do cobre, que também cresceu acima das estimativas da empresa. E, mesmo com o níquel registrando uma queda de 7,9% em 2023, a produção do metal conseguiu terminar o ano em linha com o guidance.

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“Foi um resultado muito justo”, reforça.

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Ações da Vale vão reagir amanhã?

Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos, ligada ao BTG Pactual, levanta a possibilidade de o mercado reagir de maneira positiva à divulgação do relatório operacional da Vale.

Isso porque, de acordo com o especialista, os números do quarto trimestre vieram acima do consenso, tanto para a produção de minério de ferro quanto para a produção de níquel.

Na noite desta segunda-feira (29), o ADR (American Depositary Receipt) da Vale apontava avanço de 0,68% na bolsa de Nova York.

Vale lembrar que, nos últimos pregões, as ações da Vale andaram na contramão dos preços do minério de ferro.

Nesta segunda, os papéis da companhia fecharam em queda de 0,47%, movimento contrário ao minério de ferro na China. Os preços da commodity atingiram em Dalian máximas de três semanas, com esperanças renovadas em relação à demanda no mercado asiático em meio à expectativa de novos estímulos por parte do governo chinês.

Ferrer, da Empiricus, lembra que, embora os números de produção e vendas tenham agradado, no curto prazo, a política está dominando o cenário da Vale, pesando nas ações.

As notícias recentes negativas criam ruídos para a companhia. Recentemente, o governo federal, por meio do Ministério dos Transportes, cobrou R$ 25,7 bilhões da mineradora por uma outorga de concessão da Estada de Ferro Carajás e Vitória Minas.

O mercado também tem no radar a reunião extraordinária do conselho de administração a ser realizada nos próximos dias que definirá o nome do novo CEO.

Com o nome do ex-ministro Guido Mantega descartado, investidores pesam as chances de o atual presidente-executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, ser reconduzido no cargo.