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Ação da Springs Global dobra de valor em 2017; analista explica

19 jan 2017, 18:38 - atualizado em 05 nov 2017, 14:08

As ações da Springs Global (SGPS3) vêm em uma toada impressionante na Bolsa nos últimos meses. Apenas em 2017, os papéis da companhia têxtil já acumulam uma valorização de aproximadamente 100% e são cotadas na casa dos R$ 8,50. A combinação de uma série de fatores fez saltar os olhos dos investidores sobre os papéis da empresa.

“A Springs está passando por uma reestruturação bem grande e agora as coisas começaram a melhorar”, avalia o analista Vitor Mizumoto da Spinelli Corretora em entrevista ao Money Times. Segundo ele, uma das principais variáveis que podem destravar valor é a venda de três terrenos que a empresa possui e que têm valor de mercado de R$ 230 milhões.

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“Ela vendeu um dos terrenos por R$ 50 milhões em Montes Claros (MG) e ainda sobra perto de R$ 180 milhões. Essas vendas também são um driver. Um dos terrenos em São Gonçalo do Amarante (RN) teve uma parte alugada para a rede Assaí. A empresa está tentando mostrar o valor dos terrenos”, ressalta o analista.

Juros e varejo

A perspectiva da queda de juros no Brasil também atinge em cheio a lucratividade da empresa, que tem cerca de R$ 1 bilhão de dívida bruta e 80% desse valor atrelado ao CDI. “Se você colocar na conta que o CDI pode cair para 11% em 12 meses, isso traz um alívio em despesa financeira muito grande e teria um impacto muito forte para o lucro líquido, o que impulsiona as ações”, pontua Mizumoto.

Além disso, a Springs vem alterando o perfil das suas lojas para o modelo de franquias, o que reduz a necessidade de capital de giro na companhia. “Assim a empresa consegue investir muito sem perder capital. Se ela avançar nisso, ela precisará ser precificada mais como varejo e nem tanto como indústria têxtil e, por isso, deveria valer mais mesmo. É a vertente mais lucrativa do negócio, mas ainda representa apenas 10% do faturamento”, pontua.

No final do terceiro trimestre a Springs contava com 218 lojas, das quais 80 próprias e 138 franquias. Segundo a companhia, a intenção é continuar coma conversão das lojas próprias e crescer o número de franquias. Vale ressaltar que, do total das receitas, cerca de 40% vêm das operações atacadistas na América do Norte, região em que a empresa não opera lojas.

Valor das ações

Segundo Mizumoto, apesar da forte apreciação das ações, ainda vale a pena se posicionar nos papéis. Ele calcula que, estimando um lucro líquido de R$ 80 milhões para os próximos 12 meses e com a empresa valendo em Bolsa hoje em torno de R$ 490 milhões, o múltiplo P/L (Preço sobre o Lucro) fica em torno de 5 vezes.

Isso, ressalta o analista, sem contar o efeito da redução do CDI sobre o endividamento e o seu consequente impacto sobre o lucro. “Assim, o lucro líquido aumentaria para R$ 110 milhões e isso poderia até dar um PL de 4 vezes”, destaca.