Ação da Petrobras (PETR4) é uma cilada? Veja pontos de atenção
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) dispararam após resultados recordes e dividendos polpudos. Porém, alguns analistas alertam para o fato de que o papel carrega riscos e que olhar só para os proventos pode ser um erro.
Phil Soares, da Órama Investimentos, lembra que um dividend yield de 20% num ano certamente é um número que chama a atenção, mas é importante contextualizar este número.
“A Petrobras vem há alguns anos se preparando para este excelente momento de mercado, e portanto há muita incerteza sobre a continuidade deste patamar de dividendos – serão R$ 87,8 bilhões de reais pagos”, coloca.
Ele lembra que no pregão do dia seguinte à data de corte, a ação da Petrobras (e qualquer outra pagadora de dividendos) abre o pregão negociando com um desconto equivalente ao valor do dividendo.
“Observamos este fenômeno nos dividendos de abril e maio, e o mesmo acontecerá para este pagamento. Não existe ganho direto nesta estratégia”, coloca.
O analista citou dois pontos de atenção para a companhia:
A incerteza política da Petrobras
Soares lembra que a gestão atual da Petrobras, instaurada no governo Temer, é pautada por uma estratégia clara de foco no real diferencial competitivo da empresa, que é extração e produção em águas ultra profundas – o pré sal.
“A empresa vem deixando outros negócios, como poços maduros, refino, distribuição de combustíveis, distribuição de gás e transporte, para players mais aptos da iniciativa privada. Uma ruptura desta política por parte do controlador – o Governo – seria danosa para o investimento do acionista”, diz.
Ele afirma ainda que por mais que existam mecanismos institucionais colocados para evitar o uso político da companhia, acreditamos que não seriam eficazes num cenário de um controlador mal intencionado.
A incerteza de mercado
O analista lembra que petróleo é um insumo cujo preço é sujeito a bastante volatilidade historicamente, e em especial nos últimos anos.
Atualmente, o equilíbrio entre oferta e demanda hoje é muito favorável aos produtores, com a demanda global ainda razoavelmente aquecida, enquanto a oferta sofre de um problema estrutural.
Porém, Soares ressalta que os principais bancos centrais do mundo estão no início de um ciclo de alta dos juros, tendo em vista frear a inflação através da atividade econômica.
“Um arrefecimento da atividade econômica tradicionalmente reduz a demanda por petróleo, o que deve acabar puxando o preço para baixo”, afirma.
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