Ação da Oi cai abaixo de R$ 0,90; Tele espera levantar R$ 8 bi com venda de ativos
As ações ordinárias da operadora de telefonia Oi continua caindo abaixo de R$ 1,00, que é considerada a fronteira para que o papel de uma empresa seja considerado uma “penny stock”.
As ações ordinárias (OIBR3) da tele fecharam em alta de 6,59%, negociada a R$ 0,97. Já os papéis preferenciais Oi (OIBR4) continuam acima de R$ 1,00, vendidos a R$ 1,46. As ações ordinárias da Oi têm o maior volume de negociação.
A sessão desta quinta-feira é a sétima consecutiva que o papel ordinário da Oi opera abaixo de R$ 1,00. Caso fique neste patamar por 30 pregões consecutivos, a B3 vai enviar uma notificação à Oi para que ela tenha 15 dias para reverter a situação, informando ao mercado de seu plano de ação. Se o plano não for apresentado, a empresa fica sujeita à aplicação de multa pela B3.
O plano de ação tem que ter como objetivo que negociação da ação na B3 seja a um preço igual ou maior de R$ 1,00 durante seis meses. Se a empresa não conseguir retornar a esses preços, a B3 suspende a negociação do papel, com possibilidade de exclusão do registro.
Venda de ativos para aumentar o caixa
A entrevista do novo diretor de operações, Rodrigo Abreu, ao jornal Valor Econômico não reverteu o pessimismo de curto prazo da tele. Com dificuldades de caixa no curto prazo, a Oi precisa levantar recurso para manter sua operação.
Para isso, a companhia estima arrecadar até R$ 2 bilhões com a venda de imóveis de sua propriedade. Abreu informou ao Valor, ao lado do presidente da companhia Eurico Teles, que estima impacto positivo entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões com a venda de ativos não essências.
O executivo também informou que arrecadou R$ 120 milhões nesta semana com a venda de um imóvel no Rio de Janeiro, com a alienação de outros três, localizados no Rio, Brasília e Salvador, com potencial de gerar mais R$ 450 milhões para a companhia.
Emissão de dívida
Já Teles destacou os trabalhos da Oi para buscar outras fontes para financiar o plano estratégico que, além dos ativos não essenciais, também envolve a emissão de dívida garantida de R$ 2,5 bilhões, operação que está a cargo de dois bancos que negociam com investidores as condições para os títulos, que devem ser garantidos pela rede de fibra óptica.
O montante da emissão ainda pode ser reforçado com mais R$ 2 bilhões em financiamentos oferecidos por fornecedores para a compra de equipamento, conforme previsto no plano de recuperação judicial aprovado em 2017. Além disso, a Oi deve receber mais R$ 3 bilhões em em créditos de PIS/Cofins.
A tele ainda pode levantar recursos com a venda de sua participação de 25% na companhia angolana Unitel, operação que deve ser concluída ainda neste ano.
Rede Móvel
Já em entrevista com a Reuters, os executivos revelaram que podem considerar vender sua operação móvel se receber ofertas atraentes, disse o vice-presidente de operações Rodrigo Abreu nesta quarta-feira, após relatos de interesse de suas maiores rivais.
Ainda assim, Abreu, poucas semanas após ter sido escolhido para o novo cargo na Oi, disse em entrevista à Reuters que essa transação não é essencial para o plano estratégico da empresa: “Não faz parte do nosso plano de curto prazo e não dependemos da venda da operação móvel para realizar nosso plano de investimentos, mas é uma opção no futuro.” Ele acrescentou que a Oi não iniciou um processo formal de venda da unidade de telefonia móvel.
A Reuters informou no mês passado que a Oi estava em negociações preliminares com a espanhola Telefónica e a italiana Telecom Italia para vender sua rede móvel e evitar uma possível crise de caixa.
A maior operadora de telefonia fixa do Brasil entrou com pedido de recuperação judicial em junho de 2016 para reestruturar aproximadamente 65 bilhões de reais de dívida.
Abreu disse que a venda de ativos não essenciais deve ser o bastante para financiar o investimento no serviço de banda larga residencial com fibra óptica (FTTH), um dos principais focos da Oi .
Ele reconheceu que a base de clientes móveis da Oi, a quarta maior do Brasil, encolheu, mas que o negócio é sustentável. “Continuaremos a investir seletivamente para mantê-lo valioso”, acrescentou Abreu.
O executivo reafirmou que é provável que a Oi gere fluxo de caixa positivo até 2021, conforme prevê o plano estratégico de julho.