Taxa Selic

Acabou o otimismo? Os culpados pelo possível fim precoce do ciclo de cortes da Selic

07 nov 2023, 17:04 - atualizado em 07 nov 2023, 17:04
ata do copom selic banco central
Incertezas sobre a meta fiscal e o cenário internacional fizeram o Banco Central reavaliar o plano de voo da Selic (Imagem: Divulgação/Banco Central)

O combo de incertezas sobre a meta fiscal e o cenário internacional fez com que o Banco Central reavaliasse o plano de voo do afrouxamento da política econômica. Na ata do Copom, divulgada nesta terça-feira (7), os membros enfatizaram que a magnitude da flexibilização depende da evolução da dinâmica inflacionária.

Na análise dos especialistas do mercado, o Comitê foi mais hawkish (duro) nessa comunicação do que nas anteriores.

“Uma mensagem mais cautelosa, dando destaque à piora no cenário externo e à falta de vetores significativos de desinflação à frente, em uma conjuntura de expectativas de inflação desancoradas e crescentes dúvidas sobre a credibilidade das metas fiscais”, afirma o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi.

Apesar da sinalização de mais cortes de 0,50 ponto percentual, o estrategista-chefe Warren, Sérgio Goldenstein, diz que fica claro que saiu do radar uma eventual aceleração do ritmo.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, inclusive, afirmou hoje que esse ritmo deve se manter só até janeiro de 2024. Depois disso, é outra história.

Especialistas reforçam que taxa Selic deve seguir em terreno restritivo — ou seja, acima de 8,5% — pelo menos até 2025. Além disso, eles sinalizam que o ciclo de afrouxamento deve se encerrar mais cedo do que o esperado, com uma taxa terminal maior que os 9,25% projetados pelo mercado.

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Exterior e fiscal amedrontam a Selic

Na ata, o Comitê deu foco para o cenário internacional, que tem se mostrado mais volátil e adverso. “Há múltiplos mecanismos de transmissão da economia internacional para a economia doméstica, financeiros e econômicos, que devem ser incorporados na tomada de decisão”, dizem.

“O Comitê analisou vários cenários prospectivos, caracterizados por diferentes trajetórias nos ambientes doméstico e internacional. Debateu-se então a estratégia e a extensão de ciclo apropriados em cada um desses cenários”, afirmaram.

Além disso, o embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre a meta do arcabouço fiscal de zerar o déficit impacta a potência da política monetária.

O Copom já avaliava a incerteza fiscal sobre a execução das metas, mas afirma que a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal elevou o prêmio de risco.

Os membros ressaltam que o fortalecimento contínuo da credibilidade e da reputação dos arcabouços fiscal e monetário são chave para a ancoragem das expectativas de inflação.