Acabou o gás do Bradesco (BBDC4)? JPMorgan vê ‘preocupação’ para 2025 e rebaixa papel; outro banco ganha destaque
A recuperação do Bradesco (BBDC4) parecia ser vigorosa após a ação disparar mais de 20% depois dos resultados do segundo trimestre.
Porém, esbarrou no cenário macroeconômico brasileiro. Pelo menos esse é o argumento do JPMorgan ao rebaixar a recomendação do banco de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 16, ante os R$ 20 anteriores (16% de potencial de alta).
Na bolsa, a ação reagia com queda de 1,23%, a R$ 13,63. No ano, o tombo é de 18%.
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Segundo o JP, embora o Bradesco tenha melhorado gradualmente seus resultados, as melhorias têm sido mais lentas do que o esperado, “e estamos preocupados de que isso continue a ser o caso em 2025”.
Eles citam três pontos de preocupação. São eles:
- os investimentos necessários permanecem, enquanto as melhorias significativas de custo para renda podem ser adiadas até 2026;
- uma taxa Selic mais alta pode fazer com que a renda do mercado permaneça prejudicada por mais tempo;
- a melhoria da qualidade dos ativos pode ter atingido o teto;
“Embora continuemos projetando um crescimento de 21% nos lucros em 2025 (R$ 23,7 bilhões, agora 4% abaixo do consenso), vemos um ROE (retorno sobre o patrimônio) esperado de 13,8% a 14,6% em 2025 a 2026, o que para nós não é bom o suficiente para um CoE (cost of equity, ou custo do capital próprio em português) mais alto no Brasil”
Os analistas afirmam ainda que o banco de Osasco está atrás de outros bancos quando o assunto é número de funcionários e de agências.
Mesmo assim, dizem que desde que a nova administração assumiu, houve uma boa evolução na rede de agências e na otimização do número de funcionários.
O total de pontos de venda caiu 1,8 mil nos últimos dois anos (-22%) e o número de funcionários recuou 4,4 mil (-5%).
“No entanto, esperamos que os investimentos em tecnologia e custos de rescisão compensem a maior parte dos ganhos no curto prazo, com a melhoria do custo para a renda sendo mais adiada para o segundo semestre de 2026”.
Mas outro banco merece segunda chance…
Apesar de ter rebaixado o Bradesco, o JPMorgan elevou o Santander (SANB11) para compra, com preço-alvo de R$ 34, antes em R$ 32 (22% de potencial de alta).
Segundo os analistas, a filial espanhol possui a boa relação risco recompensa.
As ações caíram 19% no acumulado do ano, o mesmo que o Bradesco, apesar de seu ROE ter passado de 11% para 17%.
“A administração parece comprometida em mover o ROE para 20% e executou bem sua estratégia de renda mais alta ultimamente, o que permite algum benefício da dúvida em relação ao seu foco mais recente em estratégias de varejo de massa e pequenas e médias empresas”.
O JP também acolhe com satisfação o foco da administração na lucratividade em vez de ganhos de participação de mercado a qualquer custo e melhor alocação de RWA (risk-weighted assets, ou ativos ponderados pelo risco).
Pelos cálculos do JP, o Santander Brasil negocia a 1,1x P/BV (preço sobre valor patrimonial) e 6x o PE (preço sobre o lucro), “o que vemos como descontado para esse nível de criação de valor”.
Enquanto isso, o Bradesco negocia a 0,9x P/BV e 6,2x PE para ROE marginalmente abaixo do CoE nos próximos 2 anos.