Acabou? Insurreição no Brasil sim, mas ameaça à democracia não
O dia 6 de janeiro no Brasil chegou dois dias atrasado. Mas a Eurasia avisou que atos antidemocráticos poderiam acontecer por aqui.
Porém, como se viu no Capitólio dos Estados Unidos dois anos atrás, em Brasília a invasão às sedes dos Três Poderes acabou em questão de horas.
“Mas, ao contrário da América, o aparato de segurança pública e inteligência do Distrito Federal estavam em conluio com os manifestantes“, ressaltou a consultoria de risco geopolítico na newsletter semanal Signal.
Resta saber se a intervenção federal decretada na segurança pública da capital federal e a união demonstrada pela cúpula dos poderes serão suficientes. Ou se só irão acabar jogando mais gasolina na fogueira.
Poeira baixa, risco alto
Para a Eurasia, ainda que a poeira baixe sobre a “capital saqueada” do Brasil e que uma investigação em grande escala encontre os responsáveis pelo que aconteceu, a democracia não está salva.
Em especial, se Jair Bolsonaro tiver desempenhado algum papel nas manifestações de apoiadores do ex-presidente. “Seja qual for o resultado, provavelmente vai atiçar ainda mais as chamas da polarização política no Brasil”, avalia o analista sênior da consultoria Carlos Santamaria, na newsletter.
Em pronunciamento, após as forças de segurança retomarem o controle dos três edifícios ocupados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou seu antecessor por encorajar o levante. Talvez, por isso, a insurreição no Brasil ajudou Lula, ao menos no curto prazo.
“Houve uma condenação unânime dos manifestantes em todos os principais partidos do Congresso”, ressaltou o cientista político e presidente da consultoria, Ian Bremmer, pelo Twitter. Para ele, o Brasil teve um 8 de janeiro, mas a democracia brasileira não vai a lugar nenhum.
insurrectionists removed from brazil’s congress, other state buildings. over 200 arrested.
maybe a jan 8 commission coming. brazil’s democracy isn’t going anywhere.
— ian bremmer (@ianbremmer) January 9, 2023