Abordagem desigual sobre bônus causa insatisfação no BofA
Cresce a insatisfação nos altos escalões do Bank of America depois que a instituição excluiu os principais operadores e profissionais de banco de investimento de uma nova e criticada política de bônus e manteve o plano em vigor para outros funcionários.
Em questão estão ações da empresa para funcionários com altos salários – geralmente de US$ 1 milhão ou mais – recebidas pela primeira vez como parte da remuneração de 2020.
Em vez dessas opções serem adquiridas em partes iguais ao longo de um determinado período, como tais prêmios normalmente são distribuídos, esses bônus têm uma cláusula que torna as ações elegíveis para venda apenas ao final de quatro anos.
Pessoas a par da situação descreveram um drama interno nas últimas semanas.
Inicialmente, o banco planejou aplicar a nova estrutura de pagamento de forma ampla. Mas os veteranos do banco de investimento e trading se revoltaram ao saber que teriam de esperar até 2024 para receber os bônus relativos a 2020, e a gerência concordou em isentá-los.
O CEO Brian Moynihan reconheceu o incômodo em entrevista de 27 de janeiro à Bloomberg Television, dizendo que a mudança da política “não funcionou da maneira que algumas pessoas queriam, então nós a ajustamos”.
No entanto, colegas da divisão de banco corporativo e comercial, um grupo menos poderoso, logo descobriram que seus prêmios ainda estão sujeitos a restrições para opções de aquisição. Foi quando começaram as reclamações, disseram as pessoas. Nos últimos dias, os funcionários têm conversado por telefone para desabafar e discutir opções.
A decisão tocou em um ponto sensível. O Bank of America enfrenta disputas internas antigas entre seus mais de 200 mil funcionários, muitas com origem na fusão com a Merrill Lynch na crise financeira de 2008.
Uma abordagem desigual para a remuneração corre o risco de exacerbar essas tensões em um momento em que a maior parte do banco trabalha em casa e a colaboração é fundamental.
Embora a compensação em Wall Street seja sempre um ato de equilíbrio, as circunstâncias são atipicamente complicadas para Moynihan. Muitos operadores e banqueiros tiveram um ótimo ano, prosperando com a oscilação dos mercados, e esperavam ser recompensados. Mas o Bank of America triplicou as provisões para perdas com empréstimos para mais de US$ 11 bilhões, com a expectativa de aumento da inadimplência devido à pandemia. O lucro líquido anual despencou 35%.
“Você tem que pagar pelo desempenho e o acionista também precisa se beneficiar”, disse Moynihan na entrevista.