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Abordagem conservadora será divisor de águas para ações de bancos do Brasil

16 jul 2020, 9:04 - atualizado em 16 jul 2020, 11:01
JPMorgan
Bancos norte-americanos optaram por aumentar o colchão de reserva, prevendo uma onda de inadimplência (Imagem: Reuters/Mike Segar)

Os maiores bancos dos Estados Unidos sinalizaram que o pior da recessão desencadeada pela pandemia de coronavírus ainda está por vir. Dezenas de bilhões de dólares para se preparar para uma onda esperada de perdas em empréstimos.

O JPMorgan, a maior instituição financeira dos EUA em ativos, afirma que reservou mais para se preparar para uma taxa de desemprego que permanece em dois dígitos até o próximo ano e uma recuperação mais lenta do PIB ante ao que economistas do banco assumiram há três meses.

Especificamente, o JPMorgan apresentou uma queda de lucro menor que a esperada. O banco divulgou no dia 14 de junho que reservou cerca de 10,5 bilhões de dólares em provisões para cobrir uma onda de potencial inadimplência após a pandemia do Covid-19.

O lucro líquido do maior banco dos Estados Unidos caiu para 4,69 bilhões de dólares, ou 1,38 dólar por ação, no trimestre encerrado em 30 de junho, mas superou as estimativas dos analistas de 1,04 dólar por ação.

Abordagem conservadora no Brasil

Itaú ITUB4
Entre os brasileiros, o Itaú deve performar melhor (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

Considerando o cenário na terra do “Tio Sam”, a equipe da Ágora Investimentos defende que “ao aumentar ainda mais o colchão que bancos norte-americanos começaram a criar durante o primeiro trimestre, as instituições financeiras dos EUA estão apontando para outro trimestre de altas despesas com provisionamento”.

No Brasil, a maioria dos maiores bancos que operam no país adotou uma abordagem mais conservadora na última temporada de lucros.

“Os bancos brasileiros são historicamente conservadores e devem permanecer leais a essa abordagem. Devido à estratégia proativa de renegociar empréstimos em aberto, a inadimplência deve ser mantida sob controle”, destacam os analistas Fred Mendes e Flávia Meireles.

Para surpresa de muitos, os índices de inadimplência devem cair na maioria dos maiores bancos. Na pior das hipóteses, os índices de inadimplência devem ser baixos. Isso, no entanto, não deve se traduzir em uma mudança material nas tendências de provisionamento.

Para o Itaú Unibanco (ITUB4), as despesas de provisionamento devem ficar próximas de R$ 8 bilhões, passando de R$ 10,4 bilhões e implicando uma cobertura ainda maior no 2° trimestre (devido à menor inadimplência). O lucro líquido deve ficar próximo de R$ 4,1 bilhões, um pouco melhor que os R$ 3,9 bilhões registrados no 1° trimestre.

Já as despesas do Santander Brasil (SANB11) devem crescer, devido a sua abordagem menos conservadora no trimestre anterior.

Santander
O Santander Brasil deve pagar pela abordagem menos conservadora em relação aos demais bancos (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

Como resultado, o custo do risco deve passar de R$ 3,4 bilhões para R$ 5 bilhões a R$ 5,5 bilhões. Isso deve se traduzir em lucro líquido menor entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões, ante R$ 3,9 bilhões no trimestre anterior.

O Banco do Brasil (BBAS3), por outro lado, deve manter suas despesas de provisionamento estáveis no trimestre, perto de R$ 5,5 bilhões registrados no início de 2020. O lucro líquido deve ficar na faixa de R$ 4 bilhões.

“A abordagem geralmente conservadora observada durante o 2° trimestre deve ser bem-vista pelo mercado, poiscria condições para uma recuperação mais rápida dos lucros no final de 2020 e no início de 2021”, avaliam a dupla de analistas.

Dadas as avaliações baratas, a Ágora vê o 2° trimestre como um catalisador positivo para as ações bancárias brasileiras.

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