Agronegócio

Abiove se opõe ao fim da Moratória da Soja

11 nov 2019, 21:52 - atualizado em 11 nov 2019, 21:52
Soja Agronegócio
Operadores globais de grãos assinaram a Moratória da Soja voluntariamente há mais de uma década, concordando em não adquirir a oleaginosa de áreas desflorestadas após 2008 na Amazônia (Imagem: REUTERS/Dan Koeck)

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa traders de soja no Brasil, disse nesta segunda-feira que se opõe a um movimento liderado por alguns agricultores para pôr fim à Moratória da Soja, uma política que impede a comercialização de soja cultivada em novas áreas desmatadas na Amazônia.

Um grupo de produtores anunciou na semana passada que irá buscar o cancelamento da moratória, afirmando que possui o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

Operadores globais de grãos assinaram a Moratória da Soja voluntariamente há mais de uma década, concordando em não adquirir a oleaginosa de áreas desflorestadas após 2008 na Amazônia.

No entanto, agricultores alegam que a medida é muito mais restritiva que a atual legislação brasileira, com base no Código Florestal do país, que permite que um proprietário de terras utilize até 20% de sua área para atividades agrícolas.

O presidente da Abiove, André Nassar, disse a repórteres que a moratória é a única ferramenta de traders para o monitoramento de um eventual uso de áreas desmatadas na Amazônia para o cultivo de grãos, e que a política continuará a ser utilizada.

Nassar afirmou que já há legislações no Brasil que abrem caminho para outros tipos de supervisão da agricultura na Amazônia, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), mas que ainda precisam ser totalmente implementadas.

Ele acrescentou, durante a conferência BiodieselBR 2019, que o desenvolvimento desse sistema e a proposição para seu uso não são papéis de operadores.

“O governo deveria fazer isso, para usar dados e ferramentas disponíveis para dizer aos operadores qual produtor está OK e qual não está”, disse o chefe da Abiove.

A discussão ocorre em um momento em que o setor agrícola brasileiro passa por rigoroso escrutínio, após forte alta registrada neste ano no desmatamento da Amazônia.

“Nós gostaríamos de utilizar alguma outra ferramenta para monitorar o uso da terra na Amazônia, mas neste momento não existe nenhuma”, disse Nassar.

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