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Abiove reage à Petrobras e diz que ‘diesel verde’ pode quebrar produtores de biodiesel

14 dez 2020, 13:09 - atualizado em 14 dez 2020, 13:09
Gasolina Combustíveis
Bomba-relógio: produção de biodiesel pela Petrobras é “oportunismo”, diz Abiove (Imagem: Agência Brasil/Arquivo)

A eventual aprovação pelo governo do chamado “diesel verde” da Petrobras (PETR3; PETR4) para compor a mistura de biodiesel poderia levar a uma ociosidade de indústrias do biocombustível que resultaria em falência de empresas do setor, avaliou nesta segunda-feira o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O pleito da Petrobras para compor o mandato obrigatório de biodiesel no diesel, atualmente em 12%, não faz sentido, visto que a petroleira a princípio processaria 5% de óleo vegetal com o diesel, disse o presidente da Abiove, André Nassar, a jornalistas.

Para ele, há “oportunismo” nesta discussão, em momento em que a Petrobras procura vender cerca de metade de sua capacidade de refino no país, ao mesmo tempo em que a empresa busca formas de reduzir sua pegada de carbono e se tornar ambientalmente mais sustentável.

Nassar disse ainda que a petroleira pode “roubar” mercado de biodiesel, caso receba um “favor” do governo para participar do mandato obrigatório com um produto que não é biodiesel.

Ele disse que o “diesel verde” é uma mistura de diesel com óleo vegetal hidrogenado, que assim fica com características de diesel fóssil.

A discussão no governo sobre a regulamentação do chamado “diesel verde” ocorre em momento em que o setor de biodiesel também está em transição, com o governo tendo anunciado na semana passada mudanças no modelo de compra de biodiesel, até agora realizada em sistema da Petrobras, por meio de leilões públicos. Essas alterações seriam realizadas até o início de 2022.

O presidente da Abiove afirmou que há sinalização “muito clara” de uma mudança completa no modelo de biodiesel.

Ele declarou que o setor está “confortável” com o modelo de biodiesel atual e disse que está preparado para “longas” negociações em 2021.