Combustíveis

Abiove defende política própria para ‘diesel verde’, separada do biodiesel

29 jan 2021, 9:22 - atualizado em 29 jan 2021, 9:22
Petrobras PETR4
A Petrobras já anunciou que realizou com sucesso testes em escala industrial para a produção do combustível, via coprocessamento (Imagem: Agência Brasil/Arquivo)

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) defendeu em reunião com o governo federal na quinta-feira que o mandato de biodiesel seja “apenas de biodiesel”, e que o chamado “diesel verde” seja estimulado em política própria, disse a entidade em nota.

A manifestação ocorre em momento em que a Petrobras e outros agentes representados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) pleiteiam a regulamentação do chamado “diesel verde” e sua inserção nos mandatos de mistura obrigatória.

A  Petrobras (PETR3;PETR4) já anunciou que realizou com sucesso testes em escala industrial para a produção do combustível, via coprocessamento.

O coprocessamento, contudo, não resulta em um produto que pode ser comparável ao biodiesel, afirma a indústria do biocombustível.

O biodiesel é todo feito a partir de produtos renováveis, e o “diesel verde” é resultado de um processamento com o combustível fóssil.

A Abiove participou na véspera de um encontro com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para tratar sobre os desafios e oportunidades do biodiesel no Brasil.

Na ocasião, as demandas foram entregues por meio de um ofício conjunto com outras associações de produtores, a Aprobio e Ubrabio.

“É preciso trabalhar para que tenhamos uma matriz diesel cada vez mais renovável, preservando a progressão do aumento da mistura de biodiesel… e desenvolvendo um Programa Nacional para ao Diesel Verde em separado do biodiesel, considerando suas especificidades físicas, químicas e econômicas”, disse André Nassar, presidente da Abiove.

De acordo com a associação, há grande potencial de substituição de combustíveis fósseis no diesel comercial, sem que seja necessário a interferência no mandato do biodiesel, previsto para chegar a uma mistura de 15% no diesel comercial em 2023.

Em 2020, o volume de diesel B comercializado nos postos de combustíveis brasileiros contou com 89% do diesel A na sua composição, sendo que cerca de 24% deste produto foi importado para suprir a demanda nacional, observou a Abiove.

“O biodiesel é hoje o único produto no mercado com capacidade de diminuir a necessidade de importações, uma vez que o parque industrial do biodiesel já tem potencial para atender a mistura obrigatória de 22% de biodiesel no diesel comercial (B22)”, afirmou a entidade.

Além disso, a associação defendeu que o Selo Combustível Social continue sendo requerido para a comercialização de biodiesel, medida que reforça a diferenciação do biodiesel brasileiro frente ao estrangeiro.