Abílio não sai e situação de sócios da BRF se complica
Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini
O empresário Abilio Diniz não renunciou ao comando do conselho de administração da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, como chegaram a informar alguns jornais e revistas ao longo desta semana. O acordo entre o empresário e os maiores acionistas da empresa, os fundos de pensão Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras, para que ele deixasse o comando da empresa, em troca de mudanças na chapa proposta pelos fundos para o conselho, não foi adiante, se é que algum dia foi realmente firmado por Abílio, que já voltou atrás em negociações polêmicas, como quando tentou evitar a transferência de controle do Grupo Pão de Açúcar para o sócio Casino negociando secretamente a compra da varejista brasileira com o concorrente francês Carrefour.
Em carta à companhia divulgada ontem à noite pela BRF, Abílio informou que tem mantido contato com alguns acionistas acerca da eleição do conselho de administração na assembleia geral convocada para o dia 26 de abril, mas disse que até agora não há previsibilidade sobre eventual resultado dessas negociações, “de modo que é prematuro adiantar qualquer informação para a empresa e ao mercado”. A companhia informou que o empresário não apresentou nenhuma carta de renúncia e também que recebeu dos fundos Petros e Previ carta esclarecendo qualquer alteração na chapa para o conselho.
Os dois fundos de pensão dizem que não existe até o momento qualquer definição sobre mudança nas indicações, devendo o assunto ser tratado na assembleia de 26 de abril. “A Chapa apresentada em 24 de fevereiro permanece válida e inalterada para a eleição dos novos membros do Conselho de Administração da companhia”, diz o comunicado. Havia a expectativa no mercado de que a renúncia de Diniz fosse apresentada ontem na reunião do conselho. Os conselheiros devem voltar a se encontrar na manhã desta sexta-feira, segundo informações da Agência Estado.
Já a Folha de S.Paulo traz reportagem hoje afirmando que o acordo não avançou porque Abilio não conseguiu convencer os fundos de pensão a retirar da chapa sugerida ao Conselho o advogado Francisco Petros, desafeto do empresário e de boa parte da diretoria da companhia. Segundo o jornal, Abilio teria proposto também um bônus para a diretoria da BRF de R$ 40 milhões para impedir a saída dos executivos. Petros não teria participado da reunião de ontem na empresa e teria mandado uma declaração criticando a proposta de bônus, o que teria levado os diretores a discutirem uma renúncia coletiva.
Ontem, a ação da BRF caiu 4,28% diante da expectativa de dificuldades de a empresa superar o impasse entre os acionistas, que prejudica sua gestão e a melhora dos resultados, após dois anos de fortes prejuízos.