ABC Brasil: balanço mostra que banco terá ano difícil, mas vai sobreviver
O balanço do primeiro trimestre do Banco ABC Brasil (ABCB4) é um retrato do que enfrentará nos próximos meses. Será um ano difícil, com queda de receitas e adiamento de novos projetos, mas, apesar dos arranhões causados pela recessão que se seguirá à pandemia de coronavírus, a instituição controlada pelo Arabia Banking Corporation vai sobreviver.
A avaliação é do BB Investimentos, em relatório assinado por Rafael Reis e Wesley Bernabé. As receitas com serviços são as que mais sofrerão com o cenário negativo que se impôs neste ano. No primeiro trimestre, suas duas maiores linhas de atuação minguaram.
As receitas oriundas da prestação de garantias caíram 9,8%, em relação ao quarto trimestre de 2019. As taxas e comissões por fusões e aquisições e pelo suporte a empresas no mercado de capitais praticamente derreteram, com queda de 87%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, as baixas foram de 21,2% e 62,5%, respectivamente.
“Ainda que as quedas tenham sido contundentes, não as vimos como um ponto demasiadamente negativo, pois entendemos que linhas como mercado de capitais (que praticamente congelou com a eclosão da pandemia) são mais voláteis”, afirmam os analistas.
No radar
Eles acrescentam: “consideramos [as quedas] um ponto de atenção e esperamos recuperação nos próximos trimestres.”
O coronavírus também atrapalhou os planos do ABC Brasil de entrar no segmento middle (médias empresas), um movimento que ensaiava há algum tempo. Segundo o BB Investimentos, essa camada de empresas tende a sofrer mais com a crise.
Mas, apesar dos obstáculos, o ABC Brasil tem condições de enfrentar esse “ano desafiador”, de acordo com a gestora do Banco do Brasil. Para os analistas, trata-se de uma instituição “capaz de navegar o atual momento com boa desenvoltura, dada a pulverização de sua carteira de crédito, e baixa exposição a clientes severamente impactados pela crise.”
O BB Investimentos reitera sua recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) para os papéis do banco, com preço-alvo de R$ 16 para este ano.
Os investidores parecem concordar com os analistas. Por volta das 12h27, as ações do ABC Brasil subiam 4,36%, negociadas a R$ 12,20, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, avançava 3,34% e marcava 80.144 pontos.
Veja o relatório de resultados do ABC Brasil, referente ao primeiro trimestre.