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a16z rebate críticas sobre seu grau de influência ao detalhar seu programa DeFi

26 ago 2021, 15:32 - atualizado em 26 ago 2021, 15:52
Após uma grande polêmica que envolveu um fundo DeFi de Harvard, a16z finalmente rebateu críticas sobre seu modelo de delegação (Imagem: Freepik/upklyak)

O fundo de capital de risco Andreessen-Horowitz (a16z) publicou novos detalhes sobre as iniciativas da empresa para compartilhar seu grau de influência em projetos de finanças descentralizadas (DeFi).

O grande nome do Vale do Silício que, em junho, havia lançado um novo fundo cripto de US$ 2,2 bilhões, investiu bastante no setor cripto e DeFi. Apoiou alguns dos protocolos descentralizados mais conhecidos do setor, incluindo Uniswap e Compound.

Diferente do investimento tradicional de capital de risco (ou “venture capital”), investidores em projetos DeFi tendem a garantir o token nativo de um protocolo.

Por ser uma grande apoiadora, por exemplo, da plataforma Celo, que preza pelo acesso via celulares, a16z possui tokens CELO em seu caixa. Tokens fornecem exposição financeira e um meio de influenciar o desenvolvimento de um projeto por meio da participação no voto de governança.

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Um método criado para evitar uma grande concentração de influência e ajudar projetos a crescerem, é a delegação de tokens para organizações parceiras.

Anteriormente, a16z havia divulgado que delega tokens para organizações lideradas por estudantes universitários, incluindo Stanford Blockchain Club, Harvard Law Blockchain and Fintech Initiative, Blockchain at UCLA e Blockchain at Berkeley.

O grande problema é que as bonificações deveriam ser alocadas de forma gradual, ao longo dos anos, e não serem vendidos uma semana depois, pois parece que o grupo tirou proveito da descentralização (e bondade) da comunidade Uniswap (Imagem: Twitter/DeFi Education Fund)

Porém, essa prática é bem controversa. Em julho, a Harvard Law Blockchain and Fintech Initiative havia recebido uma bonificação de US$ 20 milhões do tesouro da Uniswap.

Chris Blec, fundador do DeFi Watch, afirmou que a proposta — sujeita a uma votação pelos detentores de tokens — foi amplamente aprovada por delegados da a16z. Ele havia publicado uma carta aberta ao a16z, pedindo por mais transparência sobre como o programa de delegação funciona.

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Governança distribuída

Em uma publicação desta quinta-feira (26), a16z divulgou mais detalhes sobre seu processo de delegação de tokens, incluindo uma lista de melhores práticas, como delegados são avaliados, mecanismos jurídicos, a composição da atual rede de delegados da empresa e ideias para futuras melhorias.

A empresa de investimentos afirmou que a delegação é um método eficaz de instigar “o desenvolvimento de um órgão governamental de maior qualidade a longo prazo”.

a16z continuou:

Para realmente desbloquear esses benefícios, é necessária uma modalidade “forte” de delegação, uma que não apenas reduz a concentração a nível superficial, mas também permite que cada delegado vote de forma independente do detentor do token, de qualquer forma que acharem adequada.

Uma das melhores práticas mais surpreendentes do a16z se refere à independência.

Qualquer influência obtida por um delegado do a16z sobre a direção de um projeto DeFi seria uma fraude sem limites evidentes, dado que seu poder existe completamente por conta da beneficência da empresa de investimentos:

Delegados devem ter autonomia para votar, independente do detentor do token. É uma propriedade fundamental para qualquer programa de delegação bem definido.

No mínimo, isso significa que o detentor do token não deve tentar influenciar ou ditar a participação de seus delegados de forma alguma, seja de maneira explícita ou implícita.

A proposta de transparência também é impressionante. a16z afirmou que será cada vez mais importante dar às comunidades DeFi acesso às informações sobre “as partes relevantes, os termos das delegações envolvidas, suas relações com o detentores de token e mais”.

Para tal, a16z publicou um panorama sobre sua atual rede de delegações para os protocolos Uniswap e Compound.

O panorama revela, pela primeira vez, que a empresa de microfinanças Kiva e a organização não governamental (ONG) Mercy Corps receberam tokens do a16z — assim como grupos universitários, startups e profissionais do setor cripto.

Porém, esse panorama não dá detalhes de quantos tokens foram delegados a organizações individuais.

Rede de delegados dos protocolos Compound e Uniswap (Imagem: a16z)

Pensando no futuro, a16z afirmou que irá delegar tokens para uma ampla gama de organizações e implementar sua metodologia de delegação a novos protocolos. A empresa também visa continuar desenvolvendo sua estrutura de delegação:

Somos fortes defensores da delegação e acreditamos que possui um papel importante na governança do protocolo.

Nossa esperança ao publicarmos essa estrutura é que atue como um útil ponto de partida para outros que estão começando a pensar sobre a delegação e em como incorporá-la com cuidado.