A visão global da China para 2024
Depois de retratar o que aconteceu com o gigante asiático em 2023, nesta perspectiva sobre a China em 2024, irei me concentrar no crescente aumento do envolvimento do país asiático no cenário internacional.
Para tanto, é preciso considerar duas vertentes: a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), que completou 10 anos no ano passado e adentra neste ano rumo a sua segunda década; e as três iniciativas globais, que tratam do Desenvolvimento, da Segurança e da Civilização.
No caso da BRI, a China estabeleceu quatro novas áreas de cooperação que devem estar no foco em 2024. São elas:
- desenvolvimento verde;
- economia digital, com ênfase na infraestrutura de interconectividade;
- inovação, via Inteligência Artificial (IA);
- e saúde, em especial doenças infecciosas e pesquisa médica.
Aliás, a prevenção de riscos e as garantias de segurança também estão na agenda da BRI, já que muitos dos mais de 150 países que fazem parte da Nova Rota da Seda enfrentam problemas de instabilidade e até terrorismo, visando proteger seus cidadãos.
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Iniciativas globais da China para 2024
Porém, esses temas são centrais nas três iniciativas globais da China. Tratam-se das iniciativas globais de desenvolvimento, segurança e civilização, que foram concebidas com o objetivo de reformar a governança global.
As três iniciativas da China tem um roteiro explícito, elaborado pelo presidente chinês Xi Jinping, delineando a ambição chinesa no cenário global. Portanto, é algo que o mundo todo deveria tomar nota.
O tema abrangente da China e a linha de argumento são claros:
- a humanidade está em uma encruzilhada;
- a interdependência é inevitável;
- a nova era pede novas ideias;
- as grandes iniciativas da China são baseadas na sua história e experiência;
- é uma nova visão clara para construir um mundo melhor.
As três iniciativas, segundo a China, oferecem soluções para grandes problemas relativos à paz mundial e ao desenvolvimento socioeconômico global. Por isso, o mundo deveria prestar atenção.
Como exemplo, a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) da China baseia-se na infraestrutura, indo desde projetos no âmbito da BRI, mas com ênfase em ações de progresso social, como redução da pobreza, segurança alimentar, saúde, além de industrialização, financiamento e desenvolvimento verde, economia digital e conectividade.
Estas ações refletem, como afirma a China, uma “abordagem centrada nas pessoas” e uma “parceria igual, equilibrada e inclusiva”, fomentando estratégias globais para o desenvolvimento.
O presidente Xi destacou que os princípios do GDI estão orientados para a inovação e focados em ações voltadas a resultados, que tragam “benefícios para todos”.
Nos últimos dez anos, a China assinou por meio da BRI mais de 200 acordos de cooperação com 152 países – o que abrange mais de três quartos do planeta – e com 32 organizações internacionais, estabelecendo mais de 3 mil projetos (concluídos e em andamento), com investimentos totais de US$ 2 trilhões.
De olho no futuro chinês
A meu ver, é fundamental levar a sério a visão global da China para 2024, através das iniciativas de desenvolvimento, segurança e civilização, que vão além de uma rota marítima e terrestre de comércio e fluxo de bens, serviços e pessoas.
O derradeiro sucesso desta investida global será decidido não no “tribunal da retórica e argumentação” dos meios de comunicação, mas no mercado global de projetos e resultados.
Portanto, são os países em desenvolvimento que irão colocar à prova esta iniciativa, que está aberta para todos verem. Afinal, nada é mais importante para os países em desenvolvimento do que a infraestrutura, tida como a base de toda a economia.