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A valiosa biodiversidade amazônica invisível a olho nu

06 jun 2022, 11:35 - atualizado em 06 jun 2022, 11:38
Rio Amazonas Amazônia Biodiversidade Diversidade
O que os olhos não veem: rica biodiversidade da Amazônia inclui micro-organismos que podem gerar moléculas úteis à agricultura, medicina e indústria alimentícia, entre outros (Imagem: Pixabay/ leondeniscf)

Biodiversidade é uma polêmica tremenda que vai muito mais além de salvar bichos coloridos e fofinhos, disse o biólogo Brasulio Dias, ex-secretário da Convenção de Biodiversidade, à jornalista Dani Chiaretti, do Valor.

De fato, a biodiversidade vai além de ursos polares, pandas, baleias, tartarugas e tucanos. Tem muitos tamanhos, gêneros e valores. Tem a ver com milhões de espécies de seres vivos, um mercado de trilhões de dólares, enésimas oportunidades de negócios, o futuro do planeta.

“Não precisamos da biodiversidade só para ter oxigênio para respirar, água para beber, para os alimentos e para energia, mas também para os remédios”, diz Brasulio.

A advertência do biólogo me lembrou de uma entrevista que fiz em 2021 com o pesquisador Gilvan Ferreira da Silva, da unidade da Embrapa – Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa, na Amazônia Ocidental.

Biodiversidade inclui micro-organismos com potencial biotecnológico

Gilvan percorreu de barco quase sete mil quilômetros fluviais na Amazônia coletando micro-organismos para um projeto que ele conduz na Embrapa Amazônia Ocidental.

A coleta foi feita a cada 50 km, em quatro rios amazônicos: Madeira, Purus, Solimões e Juruá. Algumas viagens duraram mais de 30 dias.

O pesquisador agora está selecionando no laboratório fungos e bactérias com potencial biotecnológico. Eles podem gerar moléculas de interesse da medicina (remédios), da agricultura (defensivos biológicos para combater fitopatógenos) ou produzir enzimas para as indústrias têxtil, alimentícia e papeleira.

A bioeconomia da Amazônia vai além da madeira, peixes, açaí, babaçu, bacuri, cacau, castanhas, botos, jacarés, antas e capivaras. Ela está também nos micro-organismos que não são fofinhos e que a gente nem vê.

Mas não se pode confundir bioeconomia com extrativismo, como adverte Ricardo Abramovay, cientista político e sociólogo, autor de “Amazônia – por uma economia do conhecimento da natureza”.

Para Abramovay, a bioeconomia é, literalmente, a economia da vida. “Ela é um valor que deve estar na base de toda e qualquer decisão econômica, em qualquer região do mundo.”

Bruno Blecher é sócio-diretor da Agência Fato Relevante e jornalista especializado em agronegócio e meio ambiente há 34 anos. Atuou como repórter, editor e diretor de veículos e canais como Globo Rural, Canal Rural, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.

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