Bitcoin (BTC)

A tokenização do mercado esportivo parte 2

30 out 2018, 0:00 - atualizado em 06 nov 2018, 21:37

Nosso primeiro artigo sobre a tokenização do futebol, exploramos os diversos movimentos e atores que vêm surgindo no cenário mundial. Vamos prosseguindo com o nosso especial e analisaremos outros aspectos dessa junção milionária, que será o futebol e a indústria do Blockchain.

O futebol é o esporte mais popular do mundo, então, naturalmente, isso abre grandes oportunidades de tokenização e uso da tecnologia blockchain. Já começamos a ver vários clubes em parceria com empresas de blockchain, como a recente parceria entre Cashbet Coin e Arsenal ou o acordo do Leicester City com a FansUnite  e o acordo da eToro com 7 clubes da Premier League: Tottenham Hotspur, Newcastle United, Leicester City, Crystal Palace, Southampton, Cardiff City e Brighton & Hove Albion. Assim como os clubes que fazem parcerias importantes, também começaremos a vê-los explorando os muitos outros benefícios de uma indústria de US$ 40 bilhões.

Futebol, blockchain e cryptomoedas são uma mistura interessante que só continuará crescendo nos próximos anos. Desde a corporatização e comercialização do futebol nos últimos 30 anos, os ganhos financeiros do jogo foram enormes. Só faz sentido que isso forje alianças avançando para um novo cenário econômico, onde a interatividade entre os torcedores e seus clubes só aumente e os valores envolvidos no negócio mundial de futebol triplique, com a tokenização de jogadores, por exemplo. Imagine você poder comprar cotas(tokens)do passe do Neymar.

A consideração de um Token de “Futebol” emitido por cada clube em uma liga ou a própria associação fornecerá muitos benefícios adicionais para ambos os clubes e torcedores, trazendo-os juntos com um interesse comum nos negócios envolvendo o esporte. A tokenização fornecerá aos clubes um novo modelo de financiamento, que envolve design de token e serviços de emissão.

Branding e envolvimento entre torcedores/clube/jogador

Todos os clubes de alto nível  agora têm bases de fãs espalhadas por todo o mundo, mas eles lutam para se conectar adequadamente e aproveitar os fluxos de receita potenciais de todos os seus fãs. Por exemplo, o Real Madrid tem uma base de fãs global de aproximadamente 450 milhões de torcedores, mas apenas cerca de 1% deles visitarão o estádio Santiago Bernabéu para assistir a sua equipe ao vivo. E os outros 445.5M? Esta é uma enorme receita inexplorada que excede em muito qualquer fluxo de receita atual, como direitos de TV, etc.

A atual infra-estrutura de mídia e promoção dos clubes é basicamente de terceiros. Que muitos clubes usam hoje como canais de venda de ingressos e mercadorias, pulverizando assim a capacidade de branding(fortalecimento da marca) dos clubes. Enquanto a natureza descentralizada de um Token proporcionaria o surgimento de um ecossistema financeiro revolucionário que permitiria que os clubes passassem a ter controle sobre toda economia em volta a sua marca. Aumentando por tabela a relação com seus fãs.

A tokenização naturalmente aumenta a visibilidade da marca e a lealdade. Vamos ver como a tokenização dos ativos esportivos poderia ser usado para alinhar os incentivos de clubes, torcedores e jogadores, revolucionando a indústria do futebol.

1. Ingressos

Assistir seu time jogar, semana após semana, em casa e fora, pode ser uma experiência cara. Muitos clubes ainda usam tecnologia de bilheteria antiquada, pagando taxas que variam de 5% a 8% em comissão, com base no valor nominal dos ingressos vendidos. A tokenização pode reduzir os custos, fraudes e riscos de processamento de pagamentos de terceiros. Essa economia voltará diretamente ao ecossistema para fãs, empresas e outros programas.

Os clubes podem oferecer ingressos mais baratos e acompanhar o comportamento dos torcedores, oferecendo promoções relevantes, com cada torcedor portando sua própria carteira digital, que possuirá tokens usados ​​para comprar ingressos para a temporada por exemplo. A verificação de ingressos em um blockchain permitirá que os torcedores comprem ingressos genuínos, mesmo que seja de terceiros, erradicando ingressos forjados vendidos por cambistas, ao mesmo tempo em que reduziria as taxas de processamento dos clubes a zero.

2. Mercadoria

Comprar a última camiseta ou outra mercadoria pode ser extremamente caro, com camisas de clubes custando de R$100 a R$250 por temporada. As taxas de transação dos comerciantes podem variar de 2% a 4% e cópias falsas e baratas inundam, fazendo os clubes perderem milhões de dólares globalmente. Fechar esse circuito de fidelidade, vendas e produtos entre os clubes e os torcedores é essencial para se manter o negócio rentável.

A compra de mercadorias usando um token permite que os fãs comprem produtos originais com facilidade, acessem serviços exclusivos e outros pacotes e os comprem com um token – de qualquer lugar do mundo. Mais uma vez, os clubes podem rastrear globalmente por meio de um blockchain quem comprou a mercadoria, enquanto reduz as taxas de processamento e os riscos a zero.

3. Concessões

A criação de um sistema de recompensas adicional para o Token pode aumentar as receitas e reduzir os custos gerais para os fãs, enquanto o clube pode usar promoções direcionadas para fornecedores específicos, proporcionando melhor valor a seus parceiros.

4. Apostas

A aposta esportiva está bem estabelecida no Reino Unido e na Europa, no entanto, só foi legalizada nos Estados Unidos em maio deste ano, no Brasil, não há um mercado regulado. Mas há potencial gigantesco. A utilização de uma plataforma blockchain de apostas proporcionaria um serviço mais econômico para os fãs, permitindo que os clubes negociem com esses provedores de apostas uma parte dos lucros e do uso de seu Token na plataforma. Os apostadores anteriormente inexplorados nos EUA agora poderão fazer apostas em suas equipes favoritas, trazendo bilhões de dólares de receita adicional para o ecossistema. Se o mesmo caminho for seguido aqui no Brasil, veremos uma explosão de negócios surgirem em volta das apostas relacionadas aos jogos. E mesmo que haja preocupação com atividades ilegais se apropriando desse mercado, a adoção de tecnologias relacionadas ao blockchain e aos tokens iliminaria essa abordagem ilegal por design. Basta somente haver um bom projeto a ser apresentado aos orgãos reguladores e ao congresso.

 

5. Transferências de Jogadores

O clube amador turco Harunustaspor pagou 0,0524 em Bitcoin, aproximadamente R$1215,32, como parte do acordo para contratar Omar Faruk Kirogl, de 22 anos, em janeiro, enquanto a equipe da Rimini FC série c do futebol italiano, tornou-se o primeiro clube a ser comprado por cryptomoeda da plataforma Quantocoin. Já falamos sobre eles no nosso primeiro artigo, leia mais aqui.

Atualmente, os clubes pagam um mínimo de 2% a 3% em taxas quando transferem dinheiro através de remessas internacionais para transferências de jogadores. No Reino Unido, o Brexit irá influenciar fortemente o poder de compra dos clubes, certamente tornando as operações de remessas ainda mais caras nos pares libra/euro. A tecnologia Blockchain e tokenização tem o potencial de tornar esse processo mais eficiente.

6. Streaming

Para muitos torcedores, é impossível assistir a sua equipe ao vivo em um estádio devido aos custos crescentes, localização e disponibilidade. Isso deixa muitos com pouca escolha a não ser pagar por pacotes de tv a cabo ou um de pagamento por jogos via premiere. A maioria dos clubes opera seus próprios canais de TV, mas eles não são monetizados em seu potencial máximo. A tokenização permite uma melhor interação, conteúdo premium e recompensas vinculadas a bilhetes e mercadorias. Os fãs agora querem consumir o conteúdo de uma maneira diferente, com os destaques das partidas e as entrevistas dos jogadores. A capacidade de se conectar em qualquer lugar “on the go” e assistir a sua equipe é atraente para muitos fãs.

 

7. Engajamento

Um Token permite que uma comunidade de torcedores aproveite a oportunidade de participar de várias experiências de clubes e torcedores, desde ingressos de jogos, passeios e encontros com jogadores (experiências VIP) até mercadorias específicas e ofertas de parceiros. O objetivo é criar a “melhor comunidade esportiva” para os fãs. Converter os fãs existentes e atrair novos enquanto monetiza a tecnologia ou o serviço resultante dele é fundamental.

Uma experiência do futebol não se resume mais apenas aos jogos em si, engloba muito mais.

Manter e aumentar a base de fãs significa que os clubes agora precisam oferecer aos fãs que não estão no estádio uma experiência semelhante àqueles que estão. Atualmente, eles estão perdendo muitas oportunidades devido à falta de implementação e inovação tecnológica, criando uma grande desconexão. Apostas, jogos, promoções e doações são apenas algumas maneiras de utilizar um token para envolver uma base de fãs maior e mais ampla.

Além disso, os estádios dos clubes irão emergir como “Locais Inteligentes”, facilitando o aumento das receitas nos locais participantes e também na comunidade empresarial circundante. Como é o caso do projeto que o Cruzeiro pretende implementar:

 

8. Propriedade do Clube (Patrimônio)

Os milhões de adeptos do futebol são jovens, interessados ​​em investir nas suas equipes e jogadores favoritos. A tokenização pode dar a eles a oportunidade de participar de pacotes de financiamento dos clubes e serem recompensados ​​diretamente ou assumir a propriedade do capital a um custo menor.

Em termos de propriedade de clube (patrimônio), a tokenização permite que clubes de todos os portes levantem capital por meio de vendas de ações e também ofereçam aos contribuintes uma variedade de experiências e interação social. Para o clube, proporciona redução de custos, economia em escala e maior segurança para programas de capital e para um clube menor a oportunidade de aumentar significativamente sua base de fãs e competir financeiramente no mercado. Como está sendo o caso do ICO do Avaí FC, como reportamos aqui em primeira mão nesse portal.

Os clubes podem se beneficiar da associação de marcas e do fato de que a exposição global incentiva os torcedores de mais longe a construir um portfólio de clubes da mesma maneira que compramos atualmente ações. A tokenização permite que uma injeção de capital fresco “mais barato” crie um valor agregado para impulsionar o financiamento de clubes, ajudando a melhorar o engajamento dos fãs e promovendo o bem social, o desenvolvimento da juventude e a igualdade de gênero. A propriedade global de tokens de diferentes clubes permitirá que qualquer fã possa comprar, negociar ou vender seus tokens em um mercado global.

9. Patrocínio

O patrocínio sempre foi um grande fluxo de receita para os clubes. Isso pode incluir desde camisas, outdoors, instalações de treinamento até o próprio estádio.  A tokenização permitirá que os clubes negociem acordos de patrocínio melhores e mais lucrativos no futuro.

10. Tokenização do passe

O passe de um jogador é uma das fontes de receitas mais potentes que um clube tem em mãos. Há muito tempo que um jogador deixou de ser um bilhete premiado e que talvez um dia valesse algum dinheiro para o clube. Atualmente, o métodos de escolha, treinamento e preparo de um jogador tomaram ares industriais. Até essa fase, o jogador só gera despesa para o clube, contudo, no momento que um jogador for identificado como promissor, seu valor potencial pode ser tokenizado.

 

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Leandro França de Mello é editor chefe do portal Cryptowatch. Escritor, palestrante, cientista de dados e empreendedor serial.
Leandro França de Mello é editor chefe do portal Cryptowatch. Escritor, palestrante, cientista de dados e empreendedor serial.
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