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A tese de investimento do bitcoin do bilionário Paul Tudor Jones

08 maio 2020, 10:25 - atualizado em 08 maio 2020, 10:25
Paul Tudor Jones, um dos maiores bilionários do mundo e gestor de fundos bilionários, abalou a indústria cripto e a tradicional ao dizer que o bitcoin pode ser usado como um ativo de investimento (Imagem: REUTERS/Eduardo Munoz)

Em sua mais recente carta a investidores intitulada “The Great Monetary Inflation” (ou “A Grande Inflação Monetária”), o pioneiro bilionário de fundos de hedge Paul Tudor Jones revelou que compra bitcoin, afirmando que seu fundo Tudor BVI talvez possua mais do que “uma pequena porcentagem de ‘dígito único’” em futuros de bitcoin.

Como resultado da inédita expansão monetária e um cenário econômico primordial para a inflação, Jones vê um papel crescente para o bitcoin.

Pensando em quais ativos de reserva de valor serão os vencedores daqui a dez anos, ele afirmou que “no fim do dia, a melhor estratégia de maximização de lucro é possuir o cavalo mais rápido. Tenha o melhor ‘performer’ e não se apegue ao lado intelectual que poderá te deixar chorando no canto porque você se achou mais espero que o mercado. Se devo fornecer uma previsão, minha aposta será o bitcoin”.

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Ele argumenta que bancos centrais estarão “na corda bamba” para ajudar a financiar uma economia histórica e alavancada (Imagem: Pixabay/geralt)

Medos sobre a inflação

Jones não vê inflação imediata por conta da grande queda na demanda, que evitará a alta inflação de bens e serviços a curto prazo. Porém, ainda não sabe o que acontecerá no longo prazo.

Ele argumenta que bancos centrais estarão “na corda bamba” para ajudar a financiar uma economia histórica e alavancada.

Ele destaca que o fornecimento de dinheiro M2 dos EUA está expandindo mais rápido do que na Segunda Guerra Mundial, ultrapassando bastante o crescimento do PIB que, historicamente, resultou em inflação.

Além disso, diferente da crise de 2008, bancos estão bem-capitalizados e as políticas estão mais direcionadas em colocar liquidez nas mãos de famílias e empresas em vez de serem utilizadas para aumentar os balanços de bancos.

Isso reduzirá a queda no multiplicador de dinheiro sendo vista na sequência da crise de 2008. Por fim, ele sugere que a repatriação de cadeias de fornecimento poderia reverter “duas décadas de desinflação atribuíveis à globalização”, alimentando os medos sobre inflação.

Avaliação de reserva de valor

Para escolher os candidatos de reserva de valor, Jones avaliou ativos financeiros, moedas fiduciárias, ouro e bitcoin entre aquisição de poder, confiabilidade, liquidez e portabilidade.

Embora o bitcoin tenha tido uma baixa pontuação entre os quatro, ele destacou atribuições-chave do bitcoin como “seu conhecido fornecimento máximo fixo” e liquidez em 24 horas por dia.

Jones descreveu a portabilidade superior do bitcoin em relação a outros ativos, enfatizando sua capacidade de fácil transferência pela internet sob circunstâncias extremamente adversas, como guerras.

Tabela de classificação de ativos por sua capacidade em reservar valor

“Então esse foi o destaque por trás de algumas discussões ao classificar a adequabilidade de cada ativo como reserva de valor. O surpreendente para mim não foi o bitcoin vir em último, mas sim por sua pontuação. Bitcoin teve uma pontuação geral de quase 60% em relação aos ativos financeiros, mas possui uma capitalização de mercado que não é nem um milésimo dos outros. Sua pontuação é de 66% em comparação ao ouro com reserva de valor, mas possui 1/60 do valor pendente do ouro. Algo parece errado aqui e me parece que seja o preço do bitcoin.”

Caso de otimismo do bitcoin

Jones acredita que o argumento para deter bitcoin é a futura digitalização da moeda. “Mercados otimistas são criados em um universo de compradores em constante expansão.” Projetos como a Libra do Facebook e o DCEP da China tornarão as moedas digitais mais comuns, tornando o bitcoin mais fácil de se ter, usar e entender do que hoje.”

Ele faz uma analogia entre o bitcoin e o ouro no final da década de 1970, após o ouro ter sido apresentado como um instrumento futuros, como bitcoin.

Anteriormente, o ouro havia triplicado em preço antes de corrigir seu preço em mais de 50% em dois anos, parecida com a correção de preço do bitcoin de 80% em 28 meses.

Preço do ouro — dólar por onças-troy em escala logarítmica/Preço do bitcoin — dólar por um bitcoin em escala logarítmica

O ouro continuou a quadruplicar após altas anteriores e Jones acha que o bitcoin poderia ter um desempenho parecido hoje.

Preço do ouro — dólar por onças-troy

A tese de investimento de Paul Tudor Jones é uma das maiores validações já vistas sobre o bitcoin como um investimento institucional.

A decisão dele em realizar uma alocação significativa para o bitcoin remove o risco de carreira de outros investidores institucionais que pensam em tomar uma decisão parecida. É difícil imaginar notícias que não instiguem equipes de investimento a analisar melhor o bitcoin se ainda não o fizeram.

Tudor BVI possui quase US$ 22 bilhões de ativos sob gestão. Um baixo investimento de “dígito único” poderia trazer centenas de milhões — se não bilhões — de dólares de influxos para o bitcoin.

Renaissance Technologies, o renomado fundo de hedge de US$ 160 bilhões recentemente declarou em um Formulário ADV (formulário de registro na SEC) que seus Medallion Funds agora “podem entrar para as transações de futuros de bitcoin”.

Embora não haja indício de que Renaissance esteja priorizando o bitcoin, é um sinal de confiança na classe de ativos.

Confira, na íntegra, a carta “The Great Monetary Inflation“: