A tempestade ‘quase’ perfeita que se desenha para 2024, segundo gestora de ex-BC
Os Estados Unidos podem passar por uma tempestade ‘quase’ perfeita em meio aos desafios com juros, pontua relatório da Rio Bravo, do ex-BC Gustavo Franco, obtido com exclusividade pelo Money Times.
De acordo com os economistas Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado e Lucas Mercadante, economista da Rio Bravo, os bancos centrais estrangeiros, menos sensíveis a preço, estão comprando menos títulos americanos, enquanto o Tesouro dos EUA está emitindo grande volume pelo déficit e para recompor o colchão de liquidez.
“Ao mesmo tempo, o Fed seguiu adotando uma política monetária restritiva durante todo o ano de 2023, reduzindo de forma bastante veloz seu balanço de ativos. Além disso, o Fed sinaliza que manterá o juro alto por um longo período para controlar a inflação. Forma-se, então, uma tempestade quase perfeita”, completa.
Na visão da dupla, há desconfiança sobre o fiscal, a oferta de títulos aumenta e a demanda diminui. “Assim, a curva abre e é inevitável surgir uma discussão sobre o nível de juros neutro, que agora pode ser mais alto”, coloca.
Eles lembram que a curva de juros dos EUA teve muita volatilidade em 2023.
- Como o novo presidente da Argentina, Javier Milei, pode fazer o Bitcoin decolar? Saiba como aproveitar essa oportunidade no Giro do Mercado desta quarta-feira (22), é só clicar aqui:
“A movimentação pode ser traduzida por uma abertura expressiva de seus ramos mais longos. Essa movimentação foi o destaque no exterior e repercutiu fortemente também no cenário doméstico durante todo o ano, superando inclusive o impacto da dinâmica econômica local nos preços dos ativos”, completa.
O texto ainda diz que as preocupações fiscais nos EUA parecem ser responsáveis por boa parte da piora do cenário de juros.
“Não há, no horizonte dos investidores, uma perspectiva de estabilização da dívida americana e o déficit do orçamento deve atingir o pior valor dos últimos 50 anos em 2023, com exceção da crise de 2008 e do período de Covid-19. Não há melhoras na projeção para os próximos anos”, completa.