A tecnologia por trás do sucesso do Itaú (ITUB4) e do fracasso do Bradesco (BBDC4)
Itaú (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), os dois maiores bancos da bolsa, divulgaram seus resultados na última semana com reações bem distintas realizando, porém, o mesmo movimento: ambos reservaram 100% do provisionamento da Americanas (AMER3).
Enquanto a ação do Itaú saltou 8,27%, o Bradesco caiu 7% no dia após o resultado.
Mas o que explica a reação tão distinta entre os bancos? Para começar, o Bradesco era mais exposto à Americanas, com R$ 4,7 bilhões, contra R$ 2,2 bilhões do seu rival.
Milton Rabelo, da VG Research, lembra que o Bradesco possui um volume de empréstimos para a empresa que significa 0,5% de seu portfólio de crédito e 3,1% do patrimônio líquido, ao passo que os empréstimos do Itaú à varejista representam menos de 2% do patrimônio líquido e 0,2% da carteira de crédito.
Mas não só isso. Para ele, o Itaú vem reportando resultados sólidos e tem conseguido expandir os empréstimos mais rentáveis, ao passo que mantém o índice de inadimplência sob relativo controle.
“Isso decorre devido ao uso de tecnologias que permitem uma análise mais assertiva da capacidade de pagamento dos tomadores de crédito”, diz.
Já o Bradesco deixou claro que a taxa de inadimplência e, consequentemente, o montante de PDDs necessárias seriam bem maiores do que inicialmente havia sido imaginado.
“O Bradesco não fez análises suficientemente assertivas a respeito da capacidade de pagamento de eventuais tomadores de crédito, ao contrário do que foi observado no Itaú”, diz.
O próprio presidente do banco, Octávio de Lazari, admitiu que o Bradesco concedeu mais empréstimos do que deveria durante a pandemia e que isso resultou na escalada da inadimplência que enfrenta agora.
“Concedemos mais crédito do que deveríamos ter concedido”, disse a jornalistas durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre.
O índice de inadimplência de 90 dias ficou 0,4 ponto percentual acima do terceiro trimestre e 1,5 ponto percentual no ano. Abaixo de 60 dias, o índice teve alta de 0,6 ponto percentual no trimestre e 1,8 ponto percentual no ano.
Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, diferente do Itaú, o banco sentiu mais o baque porque não se apropriou de provisões antigas.
A decisão do Itaú foi considerada como “acertada” por Quaresma, já que “zera a perda e permite ao investidor olhar adiante”.
“Foram R$ 4,9 bilhões na ‘cabeça’ do Bradesco, muito pesado”, diz.