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A taxa de hashes da rede Bitcoin pode cair ainda mais no próximo ajuste de dificuldade?

28 jun 2021, 14:32 - atualizado em 28 jun 2021, 14:32
A dificuldade de mineração é um indicador fundamental para entender a demanda de uso da rede pois, quanto mais pessoas estiverem usando a rede, melhor será a recompensa por mineradores em transmitir suas transações ao blockchain (Imagem: Freepik/starline)

A dificuldade de mineração de bitcoin (BTC), que determina quão desafiador é para que mineradores solucionem o quebra-cabeças criptográfico necessário para minerar novos blocos, deve passar por sua maior queda no próximo ajuste.

Múltiplos sites de dados em blockchain estimam que a dificuldade de mineração do Bitcoin terá uma queda de 21% em seu próximo ajuste, previsto para acontecer no bloco de altura 689.472, ou daqui a quatro dias.

Essa seria a maior queda de dificuldade da história do Bitcoin e também a primeira vez que a rede registraria quedas na dificuldade três vezes seguidas, desde dezembro de 2018. A medida de dificuldade caiu em 16% e 5% em 30 de maio e 14 de junho, respectivamente.

A dificuldade de mineração da rede Bitcoin foi criada para se ajustar a cada 2016 blocos, com base na taxa total de hashes sendo processada na rede ao longo dos 2016 blocos.

O poder médio de hashing garante a segurança o maior blockchain do mundo por capitalização de mercado caiu 142 exahashes por segundo (EH/s) em 14 de junho para 100 EH/s agora.

A quantidade de poder de hashing aplicada à rede determina quanto tempo leva para produzir blocos — um processo que deve durar dez minutos, segundo as regras da rede. Se a produção de blocos se torna mais rápida do que dez minutos, a rede irá aumentar a dificuldade.

Por outro lado, se muitos mineradores desligarem suas máquinas, o intervalo de produção de blocos irá aumentar e a rede irá aliviar a dificuldade.

O intervalo médio de produção de blocos na rede Bitcoin, desde seu ajuste anterior em 14 de junho, é de cerca de 13,45 minutos — quase 30% mais lento do que o intervalo previsto de 10 minutos.

Mineradores de bitcoin que ainda estão com suas máquinas ligadas, e não tiverem sido afetados pela situação regulatória na China, terão uma maior participação — proporcional à queda na dificuldade — de recompensas de mineração após o próximo ajuste.

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Milhões de máquinas de mineração com ASICs são desligadas

Desde que os governos provinciais em Xinjiang e Sichuan emitiram ordens para reduzir o fornecimento de energia elétrica para fazendas de mineração de bitcoin — em 9 e 18 de junho, respectivamente —, a taxa de hashes da rede caiu para cerca de 70 EH/s.

Sofreu uma queda de quase 50% em comparação a seu total no último mês.

Isso também significa que milhões de máquinas de mineração com chips com ASIC (circuitos integrados de aplicação específica) foram desconectados da rede e agora ou buscam por um novo comprador ou estão aguardando pela migração para outro lugar.

Atualmente, existe uma alta na oferta de máquinas de segunda mão no mercado, fazendo com que a Bitmain suspendesse suas vendas globais para ordens à vista.

A taxa de hashes da rede Ethereum também sofreu, caindo 20% desde o início do mês.

Enquanto isso, fazendas de mineração fora da China já estão dando as boas-vindas a uma nova leva de máquinas de mineração após a regulamentação ter recaído fortemente sobre fazendas em Xinjiang e Sichuan.

“O aumento em pedidos por nossos serviços de implementação [de máquinas] via energia renovável, após o interesse global na mineração sustentável de bitcoin, se tornou ainda mais forte após os anúncios do governo chinês em reprimir a mineração”, disse Igor Runets, fundador e CEO da BitRiver, fornecedora russa de hospedagem de máquinas de mineração de bitcoin.

Runets disse que, após a ordem do governo de Sichuan, a BitRiver firmou um acordo com clientes de mineração chineses para 150 megawatts de capacidade de hospedagem, que estarão em completo funcionamento daqui a quatro meses.

Porém, ele acredita que a atual escassez de oferta de capacidade global de hospedagem irá dificultar o atendimento à demanda por mineradores chineses no curto prazo.

Na verdade, apenas em Xinjiang, mineradores de bitcoin que, até 9 de junho, operavam a uma capacidade combina de quase 2 mil megawatts, foram obrigados a encerrar suas operações.

“Dada a crise na oferta por espaço de hospedagem para mineradores de bitcoin e o tempo que demora ou para construir novas orientações ou implementar novas máquinas, eu não acredito que a taxa de hashes irá se recuperar em breve”, disse Runets.

Ele acrescentou: “além disso, a partir de conversas com nossos parceiros na China, acreditamos que muitos mineradores chineses estão mantendo suas máquinas já desligadas até o 100º aniversário do Partido Comunista na esperança de que o governo possa reverter sua polícia antimineração”.