Inovação

A sua empresa está pronta para investir numa Startup?

24 jul 2019, 9:44 - atualizado em 24 jul 2019, 10:05
Veja dicas para investimentos em startup (Imagem: Facebook Oficial)

Cada pessoa tem sua motivação para começar um novo negócio.

Na Sucellos – nome do “pivot” da minha consultoria para investimentos em novos negócios – veio de uma experiência sui generis: ao dar consultoria depois de três anos para diferentes players do segmento financeiro percebi a seguinte jornada do investidor:

  1. Primeiro ele começa a poupar – e cada vez mais isso será importante, num país onde as próximas gerações não terão previdência pública, na prática.
  2. A primeira escolha recaí sobre a renda fixa, que em breve vai render tão pouco quanto a poupança.
  3.  Logo em sequência descobre a mágica dos juros compostos e a renda variável, tornado-se sócio de grandes empreendimentos e de empresas de renome.
  4. É aqui que temos o ponto de inflexão: com o hype das startups e seus métodos ágeis de crescimento, elas atingiram uma projeção tão relevante quanto as grandes e tradicionais organizações.
  5. E não estou falando somente no espaço em mídia mas também em valor de mercado.

(Aqui um fato: Warren Buffet assumiu que seu fundo principal na Berkshire teve performance abaixo do S&P 500 por não absorver a curva de crescimento de empresas de tecnologia na última década. Sua tese de investimento ainda está pautada em sólidas companhias da economia real, ainda que agora com tímidas entradas de Apple e Amazon).

Ao visitar o evento da ABVCAP no final do ano passado dois fatos me chamaram a atenção e foram o chamariz para acelerar o processo de desenvolvimento da Sucellos:

Os Familly Offices e gestoras possuem uma demanda real por aportes em novos negócios, e os seus líderes não sabem exatamente como lidar com este segmento.
As grandes empresas nacionais não conhecem a operação de um Corporate Venture; e 3 em cada 4 unicórnios no mundo – brasileiros inclusos – receberam investimentos neste segmento.
Para início de conversa, vamos contextualizar o termo: Se ventura capital é o investimento de risco pautado em startups e/ou empresas de estágio inicial de desenvolvimento, o corporate venture (ou corporate venture capital – CVC) é o canal que as grandes empresas alocam recursos do seu caixa para aportar em novos negócios.

Este segmento, que praticamente inexiste no país mas deve “bombar” a partir de 2020/2021 teve crescimento global de 32% em 2018, atingindo US$ 53 bilhões em investimento em 2.740 negócios, segundo a CB Insights.

Mas porque uma empresa abre um fundo de investimento em startups – apenas para dar exemplos da “turma de 2018”, com recorde de 264 fundos ao redor do planeta, tivemos Coinbase, Maersk e Porsche?

  • Buscar por novas fontes de receita, com sinergias entre canais de atuação.
  • Introdução rápida a novos modelos de negócios.
  • Acesso a pessoas e processos mais ágeis e alinhamos com os desafios que o mercado apresenta para o futuro.
  • Participação efetiva no processo de evolução mercadológica.
  • Blindagem contra a obsolescência.

Empresas da China, EUA, Japão e em menor escala Reino Unido e Alemanha lideram a formação de fundos de investimento corporativos para mapear oportunidades de aportar em novos negócios.Tal trabalho demanda profissionais com facetas multidisciplinares:

  • Inteligência de mercado para planejar e validar a tese de investimento com correlação ao planejamento estratégico da empresa, bem como suporte à procura e relacionamento com potenciais investidos.
  • Pesquisa e Desenvolvimento para co-construir a tese a validar tecnicamente os ativos em análise.
  • Finanças para gestão do fundo e valoração dos ativos-alvo.
  • Jurídico para validação das atividades.
  • O retorno para estas empresas? Além dos itens citados acima, a possibilidade de ter participação direta em grandes histórias e agregá-las às suas. Waze e Android eram startups antes do Google Ventures comprá-las anos atrás, por exemplo. PowerPoint idem quanto a pioneira Microsoft fez movimento semelhante em 1987.
  • O Brasil entrará atrasado neste jogo, mas poderá aprender com as melhores práticas globais, bem como não raro grandes organizações contarão com o suporte de bons profissionais do capital de risco para co-construção e gestão destes fundos, procurando algumas das melhores oportunidades globais em seus segmentos sem comprometimento do caixa para as operações do dia-a-dia.

Talvez esta alocação mínima – até 5% em caso de organizações bilionárias – seja o estopim inclusive para a reinvenção do cenário brasileiro de fomento à inovação, aonde o volume de investimento é 10x menor que os EUA e outros países, deixando-nos aquém de algumas das principais movimentações do mercado global.

É hora de investir nesta mudança. Estando sua empresa pronta ou não.

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