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A saga Cryptopia: terceiro relatório sobre liquidação da corretora é publicado

13 jun 2020, 11:00 - atualizado em 12 jun 2020, 15:26
As invasões à corretora Cryptopia aconteceram no início de 2019 e, apesar de não saber o que realmene aconteceu, uma equipe de (Imagem: Crypto Times)

No dia 12 de junho, a empresa de auditoria Grant Thornton New Zealand lançou seu terceiro relatório sobre a situação em relação à corretora Cryptopia Limited.

O relatório inclui um resumo sobre os procedimentos que os liquidadores terão de seguir nos próximos seis meses, com o objetivo de reconciliar e devolver fundos desviados e perdidos por operadores da corretora.

Cryptopia era uma corretora de criptoativos operada por Rob Dawson e Adam Clark entre 2014 e 2019. A corretora estava em Christchurch, Nova Zelândia. Dawson e Clark eram mais conhecidos por seus clientes pelos nomes de usuários “Hex” e “sa_ddam213”.

Dawson disse que ele e Clark tiveram que criar a Cryptopia após experiências negativas com outras corretoras e “um desejo de criar o site que nós mesmos queríamos usar”.

Após dois anos de operação, Dawson e Clark largaram seus empregos para operar a Cryptopia em tempo integral.

A plataforma teve seu auge de popularidade na “bull run” de 2017, quando o valor do bitcoin (BTC) e de outros criptoativos disparou. Em 2018, a Cryptopia tinha mais de 80 funcionários e uma base de usuários de 1,4 milhão.

No dia 15 de janeiro de 2019, a conta da Cryptopia no Twitter anunciou que a plataforma de negociação sofreu uma grande invasão, resultando em “perdas significativas”.

Serviços de negociação foram interrompidos e uma investigação policial começou. Isso resultou em um bloqueio e em uma investigação física nas sedes da empresa no dia seguinte.

O hack comprometeu 70 mil carteiras e mais de US$ 23 milhões em ether (ETH) e tokens ERC-20 foram roubados no processo. Um segundo hack aconteceu no dia 28 de janeiro de 2019, quando mais US$ 284 mil de 17 mil carteiras foram roubados.

Em maio de 2019, foi anunciado que a corretora neozelandesa entrou em liquidação. Um relatório investigativa pelo site local Stuff sugeriu que houve conflitos pessoais e tensões entre os membros fundadores e as equipes executivas da Cryptopia. Até hoje, ninguém foi acusado por roubo.

David Ian Ruscoe e Malcolm Russell Moore, da Grant Thornton New Zealand Limited, foram nomeados como os liquidadores da Cryptopia Limited. Ontem, dia 12 de junho, Grant Thornton New Zealand lançou seu terceiro relatório de liquidação sobre a atual situação da Cryptopia.

Nos próximos seis meses, Grant Thornton começará um processo de liquidação de três etapas. Primeiro, os liquidadores permitirão que o detentores de contas registrem e façam reivindicações do saldo de suas contas. Em seguida, a identidade dos detentores será verificada e os ativos restantes serão transferidos.

O relatório afirma que clientes não tinham carteiras individuais e seria impossível determinar a governança individual usando apenas as chaves criptográficas registradas nas carteiras da Cryptopia.

Cryptopia operava como uma corretora centralizada e negociações de clientes aconteciam no registro interno da corretora, sem qualquer confirmação em blockchains como Bitcoin ou Ethereum.

Grant Thornton também declarou que um processo detalhado de reconciliação entre bases de dados de clientes e ativos retidos em carteiras da Cryptopia nunca foi realizado pelos operadores da corretora.

No dia 8 de abril de 2020, o Tribunal de Christchurch decidiu que os liquidadores haviam estimado que a Cryptopia possuía criptoativos equivalentes a quase US$ 110 milhões na época das invasões. Entre 9 e 14% de seus criptoativos foram roubados, segundo o documento do tribunal.

O tribunal também deu a Moore e Ruscoe a permissão de começar o processo de reconciliação dos ativos perdidos pela Cryptopia. Antes da decisão, não houve esclarecimento se os ativos que residem nas carteiras da Cryptopia foram assegurados para detentores de contas.

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Após duas invasões, a Cryptopia teve de encerrar suas atividades por conta da investigação policial (Imagem: Facebook/Cryptopia)

O juiz David Gendall afirma que o tribunal teve de esclarecer preocupações sobre a natureza legal e o status dos criptoativos, além de possíveis interesses imparciais neles.

Além disso, tiveram de analisar se criptoativos devem ser considerados como propriedade e se os detentores de contas na Cryptopia têm direitos a essa propriedade.

De início, a decisão havia sido baseada no fato de que criptoativos são “propriedade” para os fins detalhados na Lei de Empresas de 1933.

Em segundo lugar, os criptoativos de detentores de contas estão seguros em um truste da Cryptopia em nome de seus usuários. Um outro truste existe para cada tipo de criptoativos que a corretora negociava.

Em sua decisão, o juiz Gendall explicou que ele considera criptoativos eram propriedade, já que se possui “certo grau de permanência ou estabilidade”, que é um requisito do Anexo 2 da lei.

Assim, os criptoativos são pertencentes aos detentores de contas e não formarão parte do pool de ativos disponíveis para mutuantes não assegurados.

Segundo o relatório mais recente de liquidação, “esse é o primeiro julgamento final de uma base completamente contestada que considerou se criptoativos se adequam à definição legal de propriedade na lei comum”.

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