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A saga Craig Wright: suposto criador do Bitcoin é novamente chamado de “fraude”

26 maio 2020, 12:21 - atualizado em 30 maio 2020, 18:36
Desde 2016, o australiano Craig Wright tenta provar ser Satoshi Nakamoto, o anônimo criador do Bitcoin, mas a polêmica continua ainda em 2020 (Imagem: Forbes)

No último final de semana, o infame Craig Wright voltou às manchetes dos sites que realizam cobertura sobre criptoativos.

Wright diz ser Satoshi Nakamoto, o pseudônimo criador do protocolo Bitcoin, e afirma possuir 1,1 milhão BTC (equivalente a cerca de US$ 9,77 bilhões) divididos entre diversos endereços de bitcoin.

Para provar que é, de fato, o criador do sistema, ele precisaria provar que possui endereços de bitcoin, contendo as quantias da criptomoeda mineradas em 2009.

Na quinta-feira passada (25), ele havia fornecido a lista com seus supostos 16405 endereços. Porém, no último final de semana, segundo o site Decrypt, o verdadeiro dono de 145 dos endereços listados publicou uma mensagem, chamando Wright de “fraude”:

“Craig Steven Wright é um mentiroso e uma fraude. Ele não tem as chaves utilizadas para assinar esta mensagem. A Lightning Network é uma conquista significativa. Porém, precisamos continuar trabalhando para melhorar a capacidade no blockchain. Infelizmente, a solução não é alterar uma constante no código ou permitir que participantes poderosos expulsem outros. Somos todos Satoshi.”

Quem é Craig Wright?

Em 2016, o programador australiano afirmou ser Satoshi Nakamoto. Ele forneceu algumas evidências que, depois de algum tempo, foram consideradas duvidosas, já que estavam publicamente disponíveis no blockchain Bitcoin.

Ele também foi acusado de falsificar anúncios e publicações de blog para se passar pelo verdadeiro Nakamoto. Muitas pessoas disseram que seu anúncio era uma mentira.

Ele já processou diversas figuras importantes da indústria cripto que o criticaram ou duvidaram dele, mas muitas dessas ações foram retiradas ou arquivadas.

A ação judicial mais importante, que ainda está em andamento, foi movida por Ira Kleiman, em nome de seu falecido irmão Dave Kleiman, ex-parceiro comercial de Wright, alegando que metade dos bitcoins supostamente pertencentes a Wright eram de seu irmão.

Mesmo tendo sido decidido pelo tribunal que Wright deve fornecer 50% de toda a posse em bitcoin, o programador diz não ter acesso ao fundo que detém essas chaves, chamado de “Tulip Trust”. Os advogados de Wright tiveram de admitir que ele não tinha acesso a esses ativos.

“Somos todos Satoshi”: é de consenso na comunidade cripto que Satoshis que importam são aqueles que contribuem no desenvolvimento e melhoria da rede Bitcoin (Imagem: Crypto Times)

Uma grande piada de mal gosto?

Satoshi Nakamoto foi um pseudônimo criado para ofuscar a verdadeira identidade do criador (ou dos criadores) do protocolo Bitcoin.

Há inúmeros motivos pelos quais a tal figura que criou esse sistema inovador decidiu se manter anônima ao longo desses onze anos. Dizem que “ele” decidiu não se expor para ser conhecido como a figura central, que controla a rede, ou para evitar conflitos de interesse, caso falasse algo que pudesse soar como um conselho de investimento.

Como sabemos que as autoridades não são muito favoráveis quando o assunto é criptomoedas e criptoativos, Satoshi pode ter decidido não se expor para evitar batalhas judiciais, assim como Bernard Von NotHaus o fez em 1998 com seu Liberty Dollar.

Há muitos que tentam entender por que Craig Wright afirma ser o criador do Bitcoin, já que o protocolo do sistema quer dar liberdade a quem sofre com os sistemas monetários e bancários em todo o mundo, e não fama.

Stephen Palley, em artigo ao The Block, prevê como o caso de Wright se encerrará:

O tribunal decidirá que essa enganação está durando tempo demais. Talvez demore um pouco, mas o caso está encerrado. A única forma de Wright evitar isso — principalmente após seus advogados já terem tirado um coelho da cartola durante esse caso — é ser completamente honesto. A moção destaca todas as formas em que Wright alegadamente não foi honesto.

Pessoalmente, eu acho que de incumbência do tribunal, nesse importante caso, mostrar ao mundo que a verdade importa e que mentiras não serão toleradas. O tribunal deve julgar Wright e encerrar esse teatro de uma vez por todas. Já passou dos limites.

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