A responsabilidade por sua aposentadoria é sua
Em tempos da tão discutida – e até então nunca aprovada – reforma previdenciária, o desespero bate à porta de muitos, que passam então a bradar: se as regras mudarem, como vou me aposentar?
Para começar, se você tem menos de 30 anos, a resposta é dura, mas real: esqueça a sonhada “aposentadoria do governo” que seus pais e avós já te falaram ou recebem. Ela é, literalmente, uma pirâmide de cabeça pra baixo.
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Por funcionar em sistema de repartição, no qual em termos práticos quem está trabalhando contribui para quem já está aposentado, observamos uma viabilidade cada vez menor do sistema à medida que a quantidade de pessoas trabalhando se estabiliza e reduz e a quantidade de aposentados aumenta.
Você que já contribuiu uns bons 25-30 anos, fique tranquilo: o máximo que vai acontecer é você ter de trabalhar um pouco a mais do que faltava – esse é o tal “pedágio” que estão comentando em todos os lugares. Como se diz no juridiquês, esse já é um “direito adquirido” seu.
No fim das contas, quem sairá mais prejudicado é quem senta no banquinho dos que estão no meio da carreira, já tendo contribuído uns quinze anos e que vão pegar as maiores mudanças. Quem mais arcará diretamente com essa reforma são esses indivíduos.
Por mais difícil que seja ler isso, já parou para pensar que a responsabilidade por sua aposentadoria é totalmente sua? Não se trata de egoísmo, nem de uma tentativa de eximir o governo de sua responsabilidade social, principalmente com os mais necessitados. Mas apenas de uma reflexão que, quando mais jovem você for, mais deveria ter em sua mente para mudar hábitos a partir de agora.
Como já apresentado acima, você leitor(a) está ou nas proximidades de se aposentar (tendo de cumprir no máximo um pedágio a mais) ou distante de se aposentar (já tendo contribuído em parte ou mesmo tendo começado agora). Quanto mais distante você estiver, melhor será a notícia a seguir: o tempo está sempre a favor de quem poupa.
Duvida?
Vamos dizer que “João” nunca pensou em poupar. Ele curtiu a vida, financiou o seu carro, sofreu alguns perrengues e aos 35 anos, já casado e com o primeiro filho, ele achou que era importante pensar no futuro…então, fazendo as contas, viu que iria conseguir poupar R$ 500,00 por mês.
Considerando uma taxa de juros de 6% a.a.:
Aos 65, teria investido $186,000.00 e você teria agregado a isso $353,403.62 de juros. Ou seja, o seu saldo será $539,403.62.
Considere o seguinte cenário:
João, 20, menino serelepe pipão, cheio de sonhos, começa o seu estágio no banco com uma bolsa de R$ 2000,00.
Vamos dizer que ele comece a poupar 10% da bolsa voltado para o seu futuro a longo prazo.
10% não é um problema para alguém que não tinha renda antes….
Bom…vamos aos cálculos!
Se João poupar esses R$ 200,00 todo mês independente onde for: poupança, previdência, etc, sem falhar – não fazendo igual as suas dietas – teremos o seguinte cenário:
Considerando uma taxa de juros de 6% a.a.:
Aos 65, terá investido $110,400.00 e terá agregado a isso $477,262.59 de juros. Ou seja, o saldo será $587,662.59.
Observe:
- O João com R$ 200,00/mês, por 45 anos, teve mais juros ganhos do que o João com R$ 500/mês por 30 anos. Ou seja, é a magia dos juros compostos a favor.
- Mesmo investindo 2,5 vezes o valor mensal em um prazo menor e na soma do valor investido sendo 68% maior do que o caso anterior, o saldo final acabou sendo menor.
Emendando a isso, vamos fazer outra simulação com a primeira situação. Vamos simular agora com uma taxa de juros a 7%:
Aos 65, terá investido $110,400.00 e você terá agregado a isso $623.404,23 de juros. Ou seja, o seu saldo será $733.804,23.
Observe a diferença com um pequeno aumento na taxa de juros no investimento. Em um mês não traz grandes diferenças, mas no longo prazo o bolo fica maior.
Faça os seus cálculos: https://aprevidenciaprivada.com.br/calculadoravalorfinal/
Você não precisa parar de comer e viver de fotossíntese para poder poupar e ter uma vida estável financeiramente. Basta fazer a estratégia correta para o seu futuro: “Não pague juros. Receba juros”.
Não precisa ser muito, mas o importante é ser constante.
Se você não consegue poupar, use a dica do texto anterior: poupe primeiro e depois gaste. Faça um “débito automático” transferindo um valor fixo no mesmo dia que você receber o seu dinheiro para algum investimento. Você nem vai ver e quando se der conta, vai ver que já está com um valor que nunca imaginou estar.
As decisões que são tomadas hoje, quando você ainda possui força de trabalho e disposição para trabalhar definirão como será o seu futuro. Use o tempo a seu favor.