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A rede Ethereum foi criada sobre quais princípios?

02 dez 2020, 15:53 - atualizado em 02 dez 2020, 15:54
Entenda como a Ethereum conseguiu se tornar uma rede tão segura e por que ainda existe muito a ser feito (Imagem: YouTube/Ethereum Foundation)

No relatório intitulado “ETH 2.0: a próxima evolução da criptoeconomia”, a Messari, em parceria com a Bison Trails, fez um compilado sobre todo o desenvolvimento do ecossistema mais importante do setor cripto, em antecipação ao lançamento de sua segunda versão.

lançamento do “beacon chain” nessa terça-feira (1º) marca a quarta e última etapa do roteiro de desenvolvimento, original de 2015, para o amadurecimento da Ethereum.

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A filosofia da Ethereum

Segundo o relatório, Ethereum é um novo contrato social para a economia global. 

É um bem público e global que garante a livre participação, acessibilidade sem fronteiras, neutralidade plausível, hipertransparência e interação econômica e livre de censuras para qualquer pessoa no mundo, independente de quem seja ou de onde vem. 

Com a Ethereum, usuários e desenvolvedores são soberanos e podem determinar seus próprios destinos econômicos.

Ethereum visa ser amplamente democrática e livre para impulsionar a participação de usuários, escalável para possibilitar que usuários interajam, livre de riscos de mineração centralizada.

Para que a Ethereum cumpra o contrato social com seus participantes, deve ser desenvolvida sobre princípios que garantam que a rede possua as propriedades prometidas.

Os melhores protocolos são aqueles que funcionam bem com uma variedade de modelos e hipóteses. É importante ter ambas as camadas de defesa: incentivos econômicos para desincentivar que grupos centralizados atuem de forma antissocial e incentivos anticentralização para evitar que esses grupos sejam criados. — (Vitalik Buterin, cofundador da Ethereum)

A ETH 2.0 foi criada a partir de cinco princípios essenciais:

1) Simplicidade

O algoritmo proof-of-stake (PoS) e “sharding” (“repartições”) são inerentemente complexos. 

A simplicidade permite que ETH 2.0 minimize os custos de desenvolvimento, reduza sua superfície de ataque e convença usuários de que as escolhas de parâmetro do protocolo são legítimas, por serem mais fáceis de entender (algo essencial para a neutralidade plausível).

2) Estabilidade a longo prazo

Na filosofia dos blockchains, existe uma linha tênue entre estabilidade e evolução. 

A estabilidade favorece a ossificação de um blockchain para que este se torne mais previsível de se usar e, em teoria, seja mais seguro. 

Para alguns, estabilidade é necessária para qualquer blockchain que realmente quiser atuar como uma infraestrutura pública e essencial, principalmente para coisas como dinheiro.

Já a evolução favorece a contínua melhoria de um blockchain para que este seja mais funcional e robusto. Diferente da necessidade por estabilidade, a evolução preza pelas melhorias fundamentais antes da ossificação pois, nesta etapa, a evolução é imprescindível.

A atual versão da rede Ethereum preza pela evolução, reconhecendo os primórdios da tecnologia blockchain e as melhorias fundamentais para que possa escalar globalmente.

No entanto, a ETH 2.0 visa atingir estabilidade porque, quando desenvolvida, não devem haver alterações por um bom tempo a fim de atuar como uma infraestrutura pública.

“Confiança” é uma palavra muito utilizada no setor cripto para indicar o nível de descentralização de um projeto; se um sistema tem “necessidade mínima de confiança”, não é preciso se preocupar com algum tipo de complô ou roubo por parte de quem administra ou intermedia a rede (Imagem: Freepik/fullvector)

3) Suficiência

Blockchains devem ser muito robustos para permitirem a criação de protocolos de segunda camada que não sejam centralizados nem dependam de fortes hipóteses de confiança.

Para tal, devem possuir uma linguagem de programação expressiva (o suficiente), disponibilidade e computação de dados escaláveis, bem como intervalos mais rápidos entre blocos.

4) Profunda defesa

Blockchains devem ser tolerantes a falhas e resilientes a ataques e conspirações.

Para esse fim, deve-se criar um sistema o mais descentralizado possível para evitar complôs e tornar extremamente cara a conspiração, mas facilitar a recuperação do sistema por participantes “bons” caso um conluio aconteça.

Além disso, é importante que validadores saibam que, se fizerem algo de errado, serão responsabilizados.

5) Verificabilidade completa de “light clients”

Muitos usuários só irão interagir com o blockchain Ethereum por meio de “light clients” — softwares que interagem com nós completos a fim de interagir com o blockchain.

É importante que esses usuários tenham a certeza de que podem verificar os dados disponíveis e válidos no sistema completo, mesmo se houver um ataque de 51%.

O propósito da descentralização é tornar um blockchain resiliente a falhas, ataques e colusões, mas não apenas de forma ideológica (Imagem: Freepik/vectorpouch)

A filosofia da descentralização

Com base no teorema Bondareva-Shapley, da teoria do jogo cooperativo, muitos desses jogos não têm um resultado estável. É possível que haja conspirações para que um grupo capte uma recompensa fixa.

Assim, é importante dificultar a possibilidade de um conluio e, no caso dos blockchains públicos, isso pode ser alcançado por meio da descentralização.

A descentralização evita que um grupo concentrado de maus agentes comprometa o funcionamento e a segurança de uma rede.

O propósito da descentralização é tornar um blockchain resiliente a falhas, ataques e colusões, mas não apenas de forma ideológica.

Quanto mais um blockchain reduzir a necessidade de confiança, mais poderá se escalar para uma plataforma global e, como consequência, atrair uma grande quantia de capital e transações de alto valor.

A descentralização em blockchains públicos pode ser considerada tanto na dimensão arquitetônica como na dimensão política.

A dimensão arquitetônica se refere a com quantos nós um blockchain é feito. Já a dimensão política se refere a quantas pessoas e entidades controlam esses nós e quão independentes são. 

Na Ethereum, são necessários validadores, clientes, desenvolvedores, pesquisadores e usuários diversos, independentes e geograficamente espalhados, bem como haver uma conscientização democrática sobre atualizações técnicas para que todos possam avaliar e participar de discussões.

A descentralização em blockchains também pode resultar em bifurcações (“forks”) daqueles que não concordam com a atual coordenação de um sistema e desejem seguir caminhos separados.

The DAO, Ethereum e Ethereum Classic

Confira, na íntegra, o relatório “ETH 2.0: a próxima evolução da criptoeconomia”: